Com mais de 245 milhões de habitantes e a maior população muçulmana do mundo, a Indonésia segue atrás da Índia e dos Estados Unidos na lista dos países com regimes políticos considerados democráticos.
A eleição mais significativa é a do Presidente, dado que é, simultaneamente, chefe de Estado, chefe de Governo, comandante-em-chefe das Forças Armadas e responsável pelas administrações locais.
O Presidente e o vice-presidente são eleitos por sufrágio direto por um período de cinco anos e podem exercer dois mandatos consecutivos.
O atual ministro da Defesa, Prabowo Subianto, um antigo general de 72 anos, tem liderado as sondagens, mas precisará de mais de 50% dos votos para evitar uma segunda volta em junho.
Tem como adversários Anies Baswedan, 54 anos, um académico que foi governador de Jacarta, e Ganjar Pranowo, 55, antigo governador de Java Central.
Prabowo tem sido criticado por alegados abusos de direitos humanos em Timor-Leste e na Papua, bem como pela tortura de ativistas pró-democracia quando comandava as forças especiais Kopassus.
O antigo comandante das forças especiais envolvidas na invasão de Timor-Leste, em 1975, sempre negou as alegações e nunca foi alvo de um processo-crime.
Candidata-se pela terceira vez, depois de ter perdido para o atual Presidente, Joko Widodo, conhecido por Jokowi, em 2014 e 2019.
Prabowo é agora visto como o "homem" de Jokowi, 62 anos, por ter como candidato a vice-presidente Gibran Raka, o filho mais velho do Presidente.
Situada no Sudeste Asiático e na Oceânia, a Indonésia é um arquipélago com 17.000 ilhas e três fusos horários, onde vivem milhares de grupos étnicos, com culturas e dialetos diferentes.
Integra a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), tem uma economia em crescimento e é considerada uma voz importante no mundo muçulmano.
A campanha num país onde mais de metade dos 205 milhões de eleitores tem menos de 40 anos levou os candidatos a multiplicar as mensagens nas redes sociais.
Com 125 milhões de utilizadores, a Indonésia é o segundo maior mercado mundial do TikTok, atrás dos Estados Unidos, e o maior do Sudeste Asiático.
No final do primeiro debate presidencial, em dezembro, os extratos de vídeo foram vistos 300 milhões de vezes em 12 horas na rede social propriedade do gigante chinês ByteDance, segundo a agência francesa AFP.
Mais polémica foi a criação de um vídeo falso com recurso à Inteligência Artificial, em que o ditador Suharto, que morreu em 2008, apela ao voto no partido que o apoiou nos 30 anos em que esteve no poder.
"Sou o Presidente Suharto, o segundo Presidente da Indonésia, e convido-vos a votar nos representantes do Golkar que podem continuar o meu sonho de progresso da Indonésia", diz o Suharto digital, segundo a agência espanhola EFE.
Suharto foi considerado um dos líderes mais corruptos e repressivos da Ásia.
Ordenou a invasão de Timor-Leste em 1975, mas a resistência dos timorenses e a pressão internacional levaram à realização de um referendo a favor da independência da antiga colónia portuguesa em 1999.
O ditador, que se demitiu em 1998, após protestos contra a crise económica e o regime, nunca foi julgado e morreu de causas naturais aos 86 anos.
Numa videoconferência organizada na semana passada pela Chatham House de Londres, especialistas internacionais consideraram que o próximo Presidente deverá manter uma política neutral e o apoio à adesão de Timor-Leste à ASEAN.
Quem for eleito "continuará a política de não-alinhamento no meio da rivalidade das grandes potências, em especial Estados Unidos e China", disse Lina Alexandra, diretora em Jacarta do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
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