Em conferência de imprensa realizada em Dacar, Abdou Khafor Kandji, porta-voz dos movimentos cívicos que compõem o coletivo Aar Sunu Election ("Protejamos a nossa eleição", na língua wolof), apelou à mobilização geral "para dizer não ao adiamento das eleições, para dizer não ao prolongamento do mandato do Presidente Macky Sall".
A manifestação está marcada para as 15:00 locais (mesma hora em Lisboa).
Na sexta-feira, muitos senegaleses tentaram responder a um outro apelo difundido nas redes sociais, com as forças de segurança a reprimirem o protesto, no qual resultaram três mortos.
Os organizadores da marcha de terça-feira disseram não ter recebido qualquer informação das autoridades sobre se a manifestação seria autorizada ou proibida.
O Senegal está a atravessar uma das piores crises políticas das últimas décadas, desencadeada pela decisão de Macky Sall em adiar a eleição presidencial, que estava marcada para o próximo dia 25.
O adiamento foi justificado com a abertura de uma investigação sobre o processo de validação dos candidatos presidenciais e entre os quais foram excluídas figuras proeminentes como o líder da oposição, Ousmane Sonko, e Karim Wade, filho do ex-Presidente Abdoulaye Wade.
Os deputados apoiantes de Sall e os que apoiam Karim Wade ratificaram o adiamento das eleições para 15 de dezembro e a manutenção do Presidente no seu cargo até à tomada de posse do seu sucessor, 'a priori' no início de 2025.
Esta alteração de última hora, excecional num país elogiado pela sua estabilidade e práticas democráticas, suscitou protestos de "golpe constitucional".
Desde o anúncio do adiamento para meados de dezembro, as forças de segurança senegalesas detiveram dezenas de pessoas nos últimos dias.
A imprensa senegalesa tem noticiado a existência de conversações para renovar as linhas de diálogo com a oposição, incluindo com Ousmane Sonko, que lutou contra o Governo durante mais de dois anos antes de ser preso em 2023.
Alguns meios de comunicação social evocaram a possibilidade de uma amnistia para Sonko, mas também para Bassirou Diomaye Faye, igualmente detido desde 2023, e para os detidos durante os tumultos de março de 2021 e junho de 2023.
Nem a Presidência nem o Governo responderam aos pedidos da Agência France Presse (AFP) sobre esta questão.
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