O antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai mesmo ser julgado antes das eleições presidenciais norte-americanas, tendo sido rejeitados os recursos da defesa para que o julgamento acontecesse só depois do sufrágio de novembro.
"Os pedidos de recurso do réu foram negados", disse o juiz Juan Manuel Merchan, citado pela BBC. Aproveitou um atraso num outro processo judicial - que decorre em Washington, em que Trump é acusado de conspirar para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 e que ficou suspenso por causa de um recurso da defesa - para justificar o não adiamento deste julgamento.
O caso que irá a julgamento em março refere-se à acusação de falsificação de registos comerciais de que Trump é alvo, alegadamente para encobrir um pagamento de 130 mil dólares à atriz pornográfica Stormy Daniels, antes das eleições de 2016, de forma a garantir o silêncio sobre o seu alegado caso extraconjugal.
O julgamento, que começará a 25 de março, será o primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos.
"Isto não é um crime. Este caso poderia ter sido instaurado há três anos, não há caso", disse Trump antes de entrar em tribunal. Afirmou, ainda, que o caso pretende prejudicar a sua campanha.
Os advogados do antigo presidente já criticaram a decisão de manter a data de início do julgamento para março, queixando-se de que Trump terá de ser julgado em Nova Iorque ao mesmo tempo que está em campanha eleitoral nas primárias que escolherão o candidato do Partido Republicano para as presidenciais de novembro.
"É uma interferência total nas eleições", denunciou o advogado de defesa Todd Blanche, quando Trump se deslocou para o tribunal em Nova Iorque, esta manhã, para ouvir a decisão do juiz.
Ao longo do ano passado, o ex-presidente atacou Merchan chamando-o de "juiz que odeia Trump", pedindo-lhe para renunciar ao caso e tentando transferir o processo do tribunal estadual de Nova Iorque para um tribunal federal, mas sem sucesso.
O recente adiamento da data do julgamento - prevista para 4 de março - no caso da alegada interferência eleitoral de Trump, eliminou o principal obstáculo para que este processo em Nova Iorque se iniciasse nas próximas semanas.
Recorde-se que Donald Trump enfrenta outros casos na justiça, nomeadamente um em Washington, por tentativa de anulação ilegal dos resultados das eleições de 2020, e outro na Florida, em que é acusado de ter armazenado ilegalmente material confidencial na sua mansão em Mar-a-Lago. Há também o caso em que a Procuradoria do Condado de Fulton (Geórgia) acusa o antigo presidente de tentar subverter os resultados eleitorais de 2020 naquele estado.
Trump, de 77 anos, é o favorito à nomeação republicana para desafiar o presidente democrata Joe Biden nas eleições de 5 de novembro.
[Notícia atualizada às 16h29]
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