O Palácio do Eliseu informou hoje, num comunicado, que o presidente da França, Emmanuel Macron, e o seu congénere egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi, mantiveram no sábado uma conversa telefónica, na qual partilharam a sua "extrema preocupação com a deterioração da já catastrófica situação humanitária em Gaza e com os obstáculos à distribuição da ajuda" humanitária.
Insistiram na "urgência de aumentar drasticamente" esta ajuda, o que passa por preservar a passagem de Rafah entre a Faixa de Gaza e o Egito, mas também pela abertura do porto israelita de Ashdod como centro de abastecimento, bem como uma rota terrestre direta a partir da Jordânia.
Al-Sisi e Macron sublinharam a sua "firme oposição a uma ofensiva israelita em Rafah, que conduziria a uma catástrofe humanitária mais vasta".
Rejeitaram também "qualquer deslocação forçada de populações para o território egípcio, o que constituiria uma violação do direito internacional humanitário e representaria um risco adicional de escalada regional".
Os dois chefes de Estado sublinharam ainda "a urgência de se conseguir um cessar-fogo e a libertação dos reféns", apelando ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que "desempenhe o seu papel neste domínio".
Sublinharam também "a necessidade de trabalhar para uma saída da crise e para o relançamento decisivo e irreversível do processo político, tendo em vista a aplicação efetiva da solução dos dois Estados".
Macron, que na sexta-feira recebeu em Paris o rei Abdullah da Jordânia, repetiu que o reconhecimento de um Estado palestiniano não é tabu para a França.
Hoje, o seu gabinete quis referir-se aos esforços do chefe de Estado francês para evitar que a guerra se estenda, em particular ao Líbano e ao Mar Vermelho, "onde o risco de escalada representa uma ameaça para o Egito".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, diz que está determinado a levar a cabo uma ofensiva terrestre em Rafah, onde se encontram 1,4 milhões de palestinianos, apesar dos apelos de parte da comunidade internacional.
Os observadores consideram que, por detrás do anúncio de uma tal ofensiva, está o desejo de Israel de provocar uma fuga de refugiados para forçar a fronteira com o Egito, a fim de se livrar de uma parte da população palestiniana.
Em 07 de outubro, comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza levaram a cabo um ataque no sul de Israel, no qual foram mortas mais de 1.160 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
O massacre desencadeou o conflito em curso em Gaza, que resultou na morte de 28.985 pessoas, na sua maioria civis, sob os bombardeamentos israelitas, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.
Israel prometeu aniquilar o Hamas, que, tal como os Estados Unidos e a União Europeia, classifica como "terrorista".
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