Yulia Navalnaya nasceu a 24 de julho de 1976, em Moscovo, na Rússia. Aos 22 anos, conheceu Alexei Navalny, durante umas férias na Turquia, com quem se viria a casar em 2000. Durante o casamento, Navalny assumiu-se como um dos principais opositores do Kremlin e a mulher foi ganhando o nome de "primeira-dama da oposição". Agora, com a morte do marido, promete continuar o seu trabalho e é já vista como a nova inimiga de Vladimir Putin.
"Ao matar Alexei, Putin matou metade de mim. Metade do meu coração e metade da minha alma. Mas há outra metade de mim, que me diz que não tenho o direito de ceder. Vou continuar o trabalho de Alexei Navalny, vou continuar a luta pelo nosso país", garantiu a mulher num vídeo divulgado na segunda-feira, três dias após a morte do marido.
"Com ele, [Putin] queria matar a nossa esperança, a nossa liberdade, o nosso futuro", afirmou, apelando aos russos para estarem do seu lado. "Não é uma vergonha fazer pouco, é uma vergonha não fazer nada, é uma vergonha deixarmo-nos amedrontar".
A viúva de Navalny declarou ainda que todos se devem unir "para atacar Putin", bem como "os seus amigos, os bandidos protegidos, os cortesãos e os assassinos que querem paralisar" a Rússia.
Я буду продолжать дело Алексея Навального. Продолжать бороться за нашу с вами страну. И я призываю вас встать рядом со мной. pic.twitter.com/aBOIvcYHHk
— Yulia Navalnaya (@yulia_navalnaya) February 19, 2024
Antes, poucas horas após o anúncio da morte de Navalny, a mulher havia subido ao palco da Conferência de Segurança de Munique e garantiu que Putin e "todos os que o rodeiam" serão "responsabilizados por tudo o que fizeram" ao país e à sua família.
"Quero que Putin e todos os que o rodeiam saibam que serão responsabilizados por tudo o que fizeram ao nosso país, à minha família. E esse dia chegará muito em breve", afirmou num discurso emotivo.
Economista de profissão, Yulia Navalnaya fez parte do partido liberal Yabloko com o marido até 2011, mas desde então tinha-se mantido afastada da política, estando focada no apoio ao marido e à família, sobretudo aos filhos de 23 e 16 anos.
Yulia esteve presente em vários protestos organizados pelo marido e chegou a ser detida em diversas ocasiões. À medida que a popularidade de Navalny aumentava, nas eleições para a autarquia de Moscovo em 2013 e para a presidência em 2018, Yulia foi ganhando a fama de "primeira-dama da oposição", recorda o jornal Politico.
A própria Yulia chegou a afirmar numa entrevista à Harper’s Bazaar, em 2021, que "é muito mais interessante ser mulher de um político", frisando que, apesar de partilhar as opiniões políticas do marido, o seu "papel" era cuidar da família.
Quando Alexei Navalny foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020, Yulia teve um papel fundamental na sua transferência da Sibéria para a Alemanha para ser tratado.
Ambos regressaram à Rússia em janeiro de 2021, decisão que levou à detenção do opositor, acusado do crime de fraude. Atualmente Yulia vive com os filhos fora da Rússia e não é certo se voltará ao país.
Sublinhe-se que, segundo os serviços prisionais da região ártica de Yamal-Nenets, onde se situa a colónia penal onde Navalny cumpria uma pena de 19 anos de prisão, "a 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário n.º 3, o prisioneiro Navalny A.A. sentiu-se mal depois de uma caminhada", estando as causas da morte a "ser apuradas".
Confrontado pelas acusações de que Navalny foi envenenado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou-as e considerou tratar-se de declarações "absolutamente infundadas e grosseiras contra o chefe de Estado da Rússia".
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