O antigo presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança daquele país, Dmitry Medvedev, não vê razões para lamentar a morte de Maxim Kuzminov, piloto russo que desertou para se entregar ao Exército ucraniano com o helicóptero que pilotava e que foi recentemente encontrado morto em Espanha, avança a agência estatal Russa TASS.
"Para um cão, uma morte de cão", afirmou Medvedev numa entrevista aos meios de comunicação social russos, segundo cita a agência.
Medvedev recusou ainda comentar a forma como Kuzminov morreu. "Disse tudo o que queria dizer", declarou.
O russo, de 28 anos, recorde-se, foi baleado cinco vezes, no passado dia 13 de fevereiro, numa garagem da urbanização La Cala de la Vila, uma zona residencial onde vivem cerca de oito mil pessoas, a maioria das quais estrangeiros, segundo noticiou a imprensa espanhola.
Os vizinhos acreditam que o piloto russo estava na região há apenas alguns dias, uma vez que ninguém o conhecia.
Junto ao corpo, foi encontrada documentação falsa com as impressões digitais de Kuzminov, que lhe atribuíam nacionalidade ucraniana e 33 anos de idade.
A morte foi confirmada pelo representante dos serviços secretos militares ucranianos (GUR), Andri Yusov.
Segundo a fonte do GUR, Kuzminov optou por viver em Espanha em vez de se fixar na Ucrânia.
A deserção do russo foi divulgada em setembro passado quando o GUR ucraniano publicou imagens onde o piloto indicava como foi contactado pelos serviços secretos militares inimigos, que lhe ofereceram a deserção para o lado ucraniano a troco de dinheiro e proteção.
O vídeo demonstra Kuzminov a aterrar ao comando do seu helicóptero Mi-8 numa base militar da região de Kharkiv, leste da Ucrânia e junto à fronteira com a Rússia.
Na ocasião, e segundo referiu Kirilo Budanov, então chefe do GUR ucraniano, Kuzminov cruzou a fronteira voando a baixa altitude, para escapar à deteção de radares, juntamente com outros membros da tripulação que não sabiam dos planos do piloto, e que foram mortos quando tentaram fugir após a aterragem.
Nas suas declarações, Budanov também assegurou que a inteligência militar ucraniana conseguiu retirar da Rússia a família do piloto desertor.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
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