Ucrânia. Mais de 10 mil civis mortos e 20 mil feridos em 2 anos, diz ONU

A agressão militar russa à Ucrânia iniciada há dois anos provocou mais de 10 mil mortos e cerca de 20 mil feridos entre a população civil, revelou hoje a ONU, ressalvando que, provavelmente, os números são "significativamente mais altos".

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Lusa
22/02/2024 12:53 ‧ 22/02/2024 por Lusa

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Em vésperas do segundo aniversário do início da "invasão em grande escala da Ucrânia pela Federação Russa", lançada a 24 de fevereiro de 2022, a Missão de Monitorização dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia (HRMMU) publicou um relatório atualizado sobre o "custo humano horrível" da guerra entre a população civil, apontando que estão confirmadas "30.457 vítimas civis" nestes dois anos, incluindo 10.582 mortos e 19.875 feridos.

Entre as vítimas civis do conflito, que se apresta a entrar no terceiro ano, contam-se 587 crianças mortas e 1.298 feridas, aponta o relatório da missão.

"O número de vítimas civis foi particularmente elevado durante os primeiros meses após o ataque armado em grande escala, com milhares de civis mortos e feridos por mês. Embora os números tenham diminuído gradualmente ao longo de 2022 e 2023, permaneceram elevados, com uma média de 163 civis mortos e 547 feridos por mês em 2023", aponta o documento.

Os dados recolhidos pela HRMMU revelam que, efetivamente, o número de vítimas civis foi particularmente elevado nos primeiros meses do conflito, com 4.289 mortos (e mais de 3 mil feridos) em março de 2022, 840 vítimas mortais em abril, e 586 em maio, os três meses mais mortíferos para a população civil. Na primeira quinzena do corrente mês de fevereiro, foram confirmados 77 civis mortos e 169 feridos.

"Em termos de causa de morte ou ferimento, a grande maioria das vítimas civis (91 por cento) foi causada por armas explosivas com efeitos de área alargada", indica o relatório, acrescentando que "as minas e os explosivos remanescentes de guerra foram responsáveis por 3,7%" das vítimas, e "outras armas e incidentes" pelas restantes.

A missão de monitorização das Nações Unidas indica ainda que entrevistas que conduziu junto de mais de 550 antigos prisioneiros de guerra ucranianos e civis detidos "indicaram a prática de graves violações do direito internacional em matéria de direitos humanos e do direito internacional humanitário pelas forças armadas russas, incluindo execuções sumárias e tortura generalizada".

Lembrando que "este mês assinala não só dois anos desde o ataque militar em grande escala da Rússia, mas também 10 anos desde que anexou ilegalmente a República Autónoma da Crimeia e a cidade de Sebastopol, na Ucrânia", o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU sublinha que, "desde 24 de fevereiro de 2022, a já terrível situação dos direitos humanos na Crimeia ocupada piorou, com repressão contra aqueles que criticam a ocupação" e anuncia que na próxima semana vai publicar um relatório sobre a década de ocupação russa desta região.

"A ofensiva armada da Rússia à Ucrânia, que está prestes a entrar no seu terceiro ano e sem fim à vista, continua a causar violações graves e generalizadas dos direitos humanos, destruindo vidas e meios de subsistência", comentou hoje o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

Recordando que "milhões de pessoas foram deslocadas, milhares perderam as suas casas e centenas de instituições médicas e educativas foram danificadas ou destruídas, afetando significativamente o direito das pessoas à saúde e à educação", o responsável máximo da ONU pelos Direitos Humanos observou que "o impacto a longo prazo desta guerra na Ucrânia far-se-á sentir durante gerações".

De acordo com dados da ONU, cerca de 3,7 milhões de pessoas continuam deslocadas na Ucrânia, enquanto cerca de 6,5 milhões estão refugiados noutros países.

No sábado assinalam-se dois anos sobre a ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de fevereiro de 2022, que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Navalny. Relatores da ONU pedem investigação sobre morte de opositor

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