O montante disponibilizado "vai apoiar os esforços da agência para manter os serviços vitais e essenciais dos refugiados palestinianos em toda a região", sublinhou Lazzarini numa referência ao "devastador conflito" na Faixa de Gaza -- cenário de uma ofensiva militar israelita há perto de cinco meses -- mas advertindo que é decisivo o envio de todos os fundos, num total de 82 milhões de euros, "para manter as operações" de ajuda.
A UNRWA registou um significativo corte nas contribuições de diversos países ocidentais após Israel ter indicado que cerca de dez dos seus trabalhadores poderiam ter colaborado no ataque do Hamas de 07 de outubro, apesar de a Comissão Europeia já ter assumido que a agência adotou as medidas para esclarecer as acusações e apurar responsabilidades.
Lazzarini sublinhou que a organização, submetida a uma auditoria interna da ONU, também colabora com uma investigação externa chefiada pela ex-ministra dos Negócios Estrangeiros francês, Catherine Colonna.
"Estão a rever as políticas e mecanismos da agência para conter riscos, incluindo o cumprimento estrito dos valores e princípios da ONU por parte do pessoal", indicou.
A Comissão Europeia, para além do anúncio de fundos para a UNRWA, informou que vai destinar 68 milhões de euros adicionais em ajuda humanitária para apoiar a população palestiniana em toda a região, que serão asseguradas pela Cruz Vermelha e pelo Crescente Vermelho.
No ataque de 07 de outubro do movimento islamita Hamas em território junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas pelo menos 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A Comissão de Proteção dos Jornalistas, associação com sede em Nova Iorque, revelou ainda que 70 dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram vítimas de "ataques israelitas a Gaza".
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, mais de 400 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.
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