O porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Christian Lindmeier, alertou que "o sistema [de saúde] em Gaza está de rastos. Mais do que de rastos".
Citado pela agência Al Jazeera, em declarações aos jornalistas desde a Suíça, Lindmeier disse que "todas as vias salva-vidas foram mais ou menos cortadas".
Existe uma "situação de desespero" em Gaza. "As pessoas estão tão desesperadas por comida, água fresca e qualquer mantimento que arriscam as suas vidas para conseguir qualquer comida, qualquer mantimento para apoiar as suas crianças e a si mesmos", continuou o porta-voz da OMS.
Mais, Lindmeier atirou ainda que "o fornecimento de comida foi cortado deliberadamente". "Não esqueçamos isto", concluiu.
No ataque de 7 de outubro do movimento islamita Hamas em território junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas pelo menos 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, mais de 400 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.
Leia Também: ONU diz que ajuda da Comissão Europeia a Gaza "chega em momento crítico"