O lusodescendente Jack Teixeira aceitou a pena de prisão de 16 anos que lhe é imputada por revelar segredos da defesa nacional norte-americana, relacionados, entre outros assuntos, com a invasão russa da Ucrânia. Desta forma, evita uma pena de 60 anos de prisão.
Segundo a cadeia televisiva ABC News, Teixeira admitiu ter causado uma das maiores fugas de informação da defesa nacional dos EUA nos últimos anos.
De acordo com o acordo de assinado e apresentado a um tribunal federal, citado pela ABC, Teixeira, de 22 anos, aceitou declarar-se culpado em seis acusações de "retenção intencional e transmissão de informações classificadas relacionadas com a defesa nacional", cerca de um ano após ter sido detido. Em troca, os procuradores concordaram não julgá-lo por acusações adicionais nos termos da Lei de Espionagem.
Teixeira deverá também submeter-se a um interrogatório com o Departamento de Defesa e o Departamento de Justiça e devolver materiais sensíveis que possam permanecer na sua posse.
Esta fuga de informação levantou preocupação face à capacidade dos Estados Unidos da América de protegerem os seus segredos de Estado e obrigou a administração Biden a conter as consequências diplomáticas e militares.
As fugas de informação fizeram com que o Pentágono reforçasse os meios para salvaguardar as informações confidenciais e executasse medidas disciplinares aos membros que, intencionalmente, não tomaram as medidas necessárias em relação ao comportamento suspeito de Teixeira.
O lusodescendente admitiu ter recolhido ilegalmente segredos militares e tê-los partilhado com outros utilizadores no Discord, uma plataforma de redes sociais popular entre as pessoas que jogam jogos 'online'.
Teixeira, que fazia parte da 102.ª Ala de Informação da Base da Guarda Nacional Aérea de Otis, em Massachusetts, trabalhava como especialista em sistemas de transporte cibernético. Era um especialista em tecnologia de informação responsável pelas redes de comunicações militares.
A fuga de informação expôs ao mundo avaliações secretas sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, as capacidades e os interesses geopolíticos de outras nações e outras questões de segurança nacional.
Teixeira permanece na Guarda Nacional Aérea num estatuto não-remunerado, disse um oficial da Força Aérea.
Está detido desde abril de 2023 e, no ano passado, foi-lhe negado um pedido de libertação.
Teixeira ingressou na Guarda Nacional em setembro de 2019 e estava autorizado a aceder a informações ultrassecretas desde 2021.
O Departamento de Justiça estima que Teixeira começou a guardar e partilhar os dados confidenciais em janeiro de 2022, disseminando as informações de duas formas: por escrito através daquela plataforma, ou com imagens dos documentos em que se podia ler a classificação de sigilo ou ultrassecreto.
As autoridades divulgaram que Teixeira foi detetado em 06 de abril, no dia em que o jornal The New York Times publicou pela primeira vez uma reportagem sobre a fuga de documentos, ao pesquisar a palavra "fuga" num sistema confidencial.
O FBI (polícia federal norte-americana) referiu que isso é motivo para acreditar que Teixeira estava a tentar encontrar informações sobre a investigação e sobre os responsáveis pela fuga de informação.
Os procuradores acusam também Teixeira de ter continuado a divulgar segredos do Governo mesmo depois de ter sido alertado pelos superiores sobre o mau uso e a visualização inadequada de informações confidenciais.
[Notícia atualizada às 17h58]
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