Jens Stoltenberg, antigo primeiro-ministro da Noruega, é secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) desde outubro de 2014.
Depois de receber, em 2018, o aval dos então 28 países do bloco político-militar para um segundo mandato de quatro anos, a invasão russa da Ucrânia, com início em fevereiro de 2022, prolongou-o por mais dois anos.
Mas é expectável que Jens Stoltenberg deixe de exercer estas funções uma década depois de iniciar o primeiro mandato. Há pouco mais de um ano, quando ainda não era clara a continuidade do secretário-geral começou a especulação sobre possíveis sucessores.
Apareceram nomes como o de Kaja Kallas, primeira-ministra da Estónia, e até o de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, mas o anúncio de uma recandidatura da antiga ministra da Defesa da Alemanha fez cair por terra esta possibilidade.
Recentemente, pelos corredores do quartel-general da NATO, em Bruxelas, surgiu um nome que é cada vez mais consensual: Mark Rutte, o primeiro-ministro dos Países Baixos.
Rutte já expressou vontade de exercer estas funções e entre várias missões diplomáticas já é um nome relativamente consensual para 14.º secretário-geral da NATO.
O ceticismo só existe, ainda, por causa das eventuais consequências políticas para os Países Baixos da demissão do primeiro-ministro para encabeçar a Aliança Atlântica, por isso, ainda há cautela em algumas discussões e apoios veementes.
Só a Hungria, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Péter Szijjártó, na terça-feira, já disse que se opõe às pretensões do primeiro-ministro neerlandês.
Mas dentro do quartel-general da NATO já há um apoio velado de peso: os Estados Unidos da América.
A diplomacia norte-americana tem indicações por parte de Washington para apoiar as ambições de Mark Rutte e na lista de apoiantes estão também Alemanha, França e o Reino Unido.
Primeiro-ministro há quase 14 anos, Mark Rutte verbalizou desde o início da invasão russa uma preocupação com as consequências económico-financeiras do conflito na Ucrânia.
Estas preocupações -- que até estão a encabeçar a página oficial do primeiro-ministro dos Países Baixos na internet -- podem soar bem nos ouvidos daqueles que estão céticos sobre o continuidade do apoio dos países da NATO à Ucrânia, nomeadamente Donald Trump.
Antigo Presidente dos Estados Unidos, o republicano Trump foi durante o seu mandato um ávido crítico da Aliança Atlântica e chegou a ameaçar sair.
A promessa não foi cumprida, Donald Trump falhou a reeleição em 2020, mas provavelmente vai ser o candidato republicano nas eleições de novembro deste ano.
O antigo Presidente ainda não foi eleito o candidato do Partido Republicano e já fez críticas à NATO, insinuando que incentivaria a Rússia a invadir os países com menores contribuições para a aliança político-militar e que resolveria o conflito na Ucrânia em 24 horas.
Com a possibilidade de o país que tem maior peso na NATO voltar a ser presidido por um cético que insiste no peso que a NATO tem nos cofres norte-americanos, Mark Rutte é um nome bem posicionado pela capacidade que tem para dialogar com Trump.
Os Países Baixos também estão a progredir no investimento na defesa nos últimos anos: em 2022 a percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) investido em defesa era de 1,64%, um aumento de 0,26 pontos percentuais.
Ainda não há dados oficiais sobre 2023, são expectáveis no dia 14 de março, mas as informações que circulam no quartel-general da NATO indicam que ainda deverá ficar abaixo dos 2%.
A projeção para este ano e 2025 é de 20 mil milhões de euros só para a defesa no Orçamento do Estado dos Países Baixos.
Entre diplomatas, Mark Rutte é considerado um nome forte pela sua capacidade de diálogo sem fugir da linha que a Aliança Atlântica estabeleceu nos últimos anos.
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