"Hoje o Ocidente recusa-se a pronunciar estas três palavras: 'A Ucrânia deve vencer'", frisou.
O opositor exilado, de 60 anos, apontou também a responsabilidade do Kremlin pela morte na prisão, no mês passado, do opositor Alexei Navalny, referindo-se a "um novo marco" na repressão levada a cabo por Vladimir Putin.
Nascido em 1963 no Azerbaijão -- então uma das quinze repúblicas que formavam a URSS -- Garry Kasparov foi um dos maiores jogadores de xadrez da história, antes de se tornar um feroz opositor de Vladimir Putin.
Em 2013, temendo uma ação judicial, deixou a Rússia e agora vive nos Estados Unidos, onde continua a denunciar o poder russo.
Kasparov desafiou os estados ocidentais a incluírem as vozes da oposição russa na campanha internacional contra a invasão da Ucrânia.
"Para derrotar o Putinismo e todas as forças do mal que ele representa, precisamos de uma coligação que inclua uma componente russa como a França Livre [de Charles] de Gaulle", sublinhou, em referência ao movimento de resistência do exterior por parte do general francês durante a Segunda Guerra Mundial.
Juntamente com outros dissidentes, Garry Kasparov diz que está a trabalhar para desenvolver um plano para o futuro da oposição russa.
"Precisamos de criar a matriz de uma Rússia livre, fora da Rússia, o que chamamos, meio a brincar, uma 'Taiwan virtual', explicou.
Mas a oposição russa está fragmentada e a fação de Navalny já discutiu no passado com o de Kasparov.
Novas divergências surgiram nas últimas semanas entre dissidentes russos sobre a melhor forma de expressar oposição ao Kremlin nas eleições presidenciais russas.
O ato eleitoral decorre entre sexta-feira e domingo, com poucas dúvidas sobre uma nova vitória de Vladimir Putin, não tendo nenhum adversário real sido autorizado a apresentar-se a votos.
Garry Kasparov expressou frustração com o enfraquecimento do apoio ocidental à Ucrânia.
A entrar no terceiro ano de conflito, Kiev enfrenta dificuldades na frente de batalha e tem ajuda crucial bloqueada no Congresso dos EUA pela oposição republicana.
Para o antigo jogador de xadrez, as sanções ocidentais à Rússia não resultaram em grande resultado.
O Presidente norte-americano Joe Biden "prometeu consequências devastadoras" para a Rússia, mas "onde estão essas consequências devastadoras?", insistiu Garry Kasparov.
"Infelizmente, o Ocidente está atrasado e qualquer fraqueza demonstrada pelo Ocidente é um convite a Putin para mais agressão", acrescentou, numa entrevista à AFP à margem de uma reunião em Washington do Congresso Mundial da Liberdade, uma coligação de ativistas pró-democracia de 60 países.
Para Masih Alinejad, uma dissidente iraniana radicada nos Estados Unidos e que lidera a organização, "da Rússia à Venezuela, da China à África, todos os regimes autoritários e ditadores estão a trabalhar juntos, votando uns nos outros nas Nações Unidas".
Formada no ano passado, o Congresso Mundial da Liberdade defende a oposição não violenta e presta apoio aos ativistas no terreno, bem como aos presos políticos e às suas famílias.
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