A ação "Meio-dia contra Putin" convida os cidadãos russos, na Rússia e a nível internacional, a deslocarem-se às respetivas assembleias de voto ao meio-dia do último dia das eleições presidenciais "para expressarem uma posição coletiva contra a atual situação política", segundo a mesma fonte.
Integrando em Portugal a Associação Russos Livres, a ação convocada pelo Comité Anti-Guerra decorrerá no último dia das "pseudo-eleições" na Rússia, que arrancam na sexta-feira, e será, segundo defendem os promotores, "uma forma segura e legal" de manifestação contra o Presidente e recandidato ao cargo, Vladimir Putin, já que as autoridades "incentivam os russos a irem às urnas, pelo que não há razão para (...) punirem as pessoas por irem às urnas, ao contrário das manifestações".
"Perante a repressão, esta é uma forma segura e legal de os russos na Rússia se manifestarem contra Putin", de acordo com a nota informativa sobre a ação, cujo autor é o político Maxim Reznik, que se juntou na terça-feira ao Comité Anti-Guerra.
Para os ativistas, vão decorrer na Rússia "pseudo-eleições", por serem "falsificações criminosas".
"Não queremos legitimar este procedimento. Também não queremos dar àqueles que vêm votar a impressão de que é possível ganhar com batoteiros que contam os votos", lê-se ainda na nota sobre a iniciativa, que é apoiada pela Fundação Anticorrupção, criada em 2011 pelo opositor Alexei Navalny (que morreu em fevereiro numa prisão no Ártico) e outros grupos críticos do regime russo.
Reconhecendo a "impossibilidade de se oporem às falsificações e às repressões de forma explícita", os opositores concordaram sobre a importância de usar estas "pseudo-eleições para agitar contra o regime" e para que as pessoas se possam juntar "sem prejuízo da proibição de protestos em massa".
"O nosso objetivo é demonstrar a Putin, às elites, aos 'siloviki' (homens fortes), ao mundo, mas sobretudo a nós próprios, que somos maiores e mais fortes do que parecemos. Podemos desfazer a ilusão do apoio popular a Putin, ultrapassar o desespero, encontrar esperança e força para continuar a resistir", asseguram os organizadores, que defenderam a união dos dissidentes para "resistir ao regime" e assumir a posição contra o Presidente.
Quanto aos "russos no estrangeiro", estes manifestaram-se solidários designadamente com os compatriotas que permanecem na Rússia, com "aqueles que são contra o regime de Putin e a guerra na Ucrânia desencadeada" pelo líder do Kremlin (presidência), mas também com os ucranianos.
No âmbito deste protesto, os promotores deixam ainda um apelo aos russos "para que não desistam" e "à solidariedade da comunidade internacional" porque "quando um ditador se opõe apenas a alguns dissidentes, escraviza todo o país e ameaça o mundo inteiro".
A Embaixada da Rússia em Lisboa disponibilizará uma mesa de voto nas suas instalações para permitir o voto nas eleições presidenciais entre as 08:00 e as 20:00 de domingo.
Fonte diplomática disse à agência Lusa que as "autoridades portuguesas prometeram assegurar a segurança pública na zona adjacente à Embaixada", localizada na rua Visconde de Santarém, na freguesia de Arroios.
A mesma fonte indicou que fora da Rússia não se faz um registo prévio, pelo que no dia da votação, os eleitores deslocam-se à mesa de voto com os documentos necessários para serem inscritos e poderem votar.
A par do Presidente russo, Vladimir Putin, que se candidata como independente, a Comissão Eleitoral Central russa autorizou três outros candidatos: Leonid Slutski, pelo Partido Liberal Democrata da Rússia (LDPR); Nikolai Jaritonov, pelo Partido Comunista da Rússia (KPRF), e Vladislav Davankov, pelo Novo Povo.
Embora tenha garantido publicamente que não o faria, Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin (presidência) até 2036.
Vladimir Putin está no poder desde 2000 e pretende garantir um quinto mandato presidencial, depois de também ter ocupado o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012.
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