Denunciante da Boeing deixou alerta antes de morrer: "Não foi suicídio"
Quem o diz é uma amiga de John Barnett.
© BBC
Mundo Boeing
Um ex-funcionário da Boeing, que ficou conhecido por levantar preocupações sobre os padrões de produção da empresa e que foi encontrado morto, nos EUA, terá alertado uma amiga para a possibilidade de ser encontrado sem vida.
John Barnett, recorde-se, foi encontrado morto, no seu veículo, a 9 de março, no estacionamento de um hotel, na sequência de um "ferimento autoinfligido" por uma arma de fogo. O aparente suicídio aconteceu no dia em que devia concluir o seu depoimento às autoridades, no âmbito de um processo contra a Boeing, que acusou de tentar denegrir a sua imagem e prejudicar a sua carreira.
No entanto, uma amiga não acredita nesta tese e disse que John Barnett já havia especulado sobre a hipótese de acabar morto, depois de começar a denunciar publicamente as suas preocupações de segurança com a Boeing, após se reformar, em 2017.
"Sei que ele não cometeu suicídio. Não tem como", disse a amiga, identificada apenas como Jennifer, à ABC 4. "Não estava preocupado com a sua segurança - eu perguntei-lhe", recordou. "Disse: 'Não estás com medo?'. E ele respondeu: 'Não, não estou com medo, mas se acontecer alguma coisa comigo, não foi suicídio'", revelou.
A mulher não precisou o momento em que esta conversa ocorreu, mas disse que tinha visto Barnett, pela última vez, em fevereiro, no funeral do seu pai.
A amiga acredita que alguém "não gostou do que ele tinha a dizer" e queria "calá-lo". "É por isso que fizeram com que parecesse suicídio", alegou.
No início da semana, em comunicado, os advogados do homem também expressaram ceticismo quanto à tese de suicídio. "O John estava a meio de um depoimento no seu caso de retaliação de denunciante, que finalmente estava a chegar ao fim. Ele estava de muito bom humor e realmente ansioso para deixar esta fase de sua vida para trás e seguir em frente. Não vimos nenhuma indicação de que ele tiraria a própria vida", disseram os advogados Robert Turkewitz e Brian Knowles, citados pelo New York Post.
John Barnett trabalhou na Boeing durante 32 anos. Entre 2010 e 2017, altura em que se reformou por motivos de saúde, desempenhou funções como responsável de qualidade na fábrica de North Charleston, que construiu o 787 Dreamliner, um avião comercial de última geração usado, principalmente, em rotas de longo curso.
Dois anos depois de se reformar, em 2019, começou a levantar preocupações sobre os padrões de produção da empresa norte-americana.
A Boeing reagiu à morte, expressando que ficou "triste" com a notícia.
Uma investigação está em curso.
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