Perto de mil casos de hepatite E em campos de refugiados no Chade

A hepatite E está a espalhar-se pelos campos de refugiados no leste do Chade, onde se registaram 954 casos positivos, devido às más condições sanitárias e à escassez de água potável, alertaram hoje os Médicos Sem Fronteiras (MSF).

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© Abdulmonam Eassa/Getty Images

Lusa
15/03/2024 19:20 ‧ 15/03/2024 por Lusa

Mundo

Sudão

As equipas dos MSF que trabalham nos acampamentos de Adre, Aboutengue, Metché e Al-Acha observaram que a maioria dos casos - 469 - ocorreu no campo de Adre, onde 122.000 pessoas estão à espera de serem realojadas em campos de refugiados mais permanentes.

"As nossas equipas registaram também 292 casos nos campos de Aboutengue, 132 em Metche e 41 em Al-Acha", frisaram.

No campo de Adre, há apenas uma latrina para 677 pessoas, enquanto no campo de Metché há uma latrina para 225 pessoas, referiram.

"A situação é terrível em todos os campos. Sem uma ação rápida para melhorar a infraestrutura de saneamento e aumentar o acesso das pessoas à água potável, corremos o risco de testemunhar um aumento de doenças evitáveis e perda desnecessária de vidas", afirmou o coordenador dos MSF em Adre, Erneau Mondesir, citado em comunicado.

Nestes campos estão mais de 550 mil sudaneses que fugiram do conflito que eclodiu no Sudão em abril de 2023, explicaram. 

"[Quase] Um ano após o início da guerra no Sudão, a situação das pessoas que procuraram refúgio no Chade continua terrível", declarou Mondesir.

Para Mondesir, isso representa "um risco para a saúde, não apenas dos refugiados mas também das comunidades que os acolhem". 

A hepatite E é uma infeção viral altamente contagiosa transmitida principalmente através de água contaminada, explicaram os MSF.

"Representa uma ameaça grave para as pessoas que vivem em ambientes com muita gente e pouco higiénicos e pode ser fatal. Provoca uma inflamação do fígado e é particularmente perigosa para as mulheres grávidas e para as pessoas com doenças crónicas, como a diabetes", declararam.

Os MSF alertaram ainda para a chegada da estação seca, que normalmente dura de abril a maio, com as temperaturas elevadas a aumentarem a necessidade de água, enquanto o aquífero disponível diminuirá de tamanho.

"Apesar dos nossos esforços incansáveis, a resposta humanitária no leste do Chade tem sido prejudicada pelo financiamento insuficiente para as organizações humanitárias no terreno, deixando lacunas críticas no fornecimento de alimentos, água e saneamento", referiu Mondesir.

Os MSF estão atualmente a fornecer mais de 70% da água potável disponível nestes campos de refugiados. Apesar disso, as pessoas estão a receber apenas 11 litros de água potável por dia - muito abaixo dos 20 litros por pessoa por dia recomendados para situações de emergência, concluíram.

Leia Também: Sudão. Quase 230 mil crianças podem morrer de fome nos próximos meses

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