"O governo do Níger, tendo em conta as aspirações e os interesses do seu povo, decidiu, com toda a responsabilidade, denunciar com efeito imediato o acordo relativo ao estatuto do pessoal militar dos Estados Unidos e dos funcionários civis do Departamento de Defesa dos EUA no território do Níger", anunciou o porta-voz do governo do Níger, Amadou Abdramane, numa declaração lida hoje na televisão nacional.
A delegação norte-americana, liderada por Molly Phee, secretária de Estado adjunta para os Assuntos Africanos, deixou Niamey na quinta-feira, depois de se ter encontrado com vários responsáveis nigerinos, incluindo o primeiro-ministro, Ali Mahaman Lamime Zeine, mas não com o líder da junta militar, Abdourahamane Tiani, apesar de esse encontro ter estado previsto.
Celeste Wallander, uma alta funcionária do Pentágono, e o chefe do Comando Africano (Africom) dos Estados Unidos da América, Michael Langley, fizeram parte da delegação norte-americana.
Washington condenou o golpe militar que depôs o presidente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, mas manteve a sua representação diplomática no país, enquanto França e as Nações Unidas, por exemplo, foram forçadas a abandonar Niamey.
Em novembro, o Presidente norte-americano, Joe Biden, suspendeu a participação do país no programa de acesso ao comércio preferencial com os Estados Unidos, conhecido como Lei do Crescimento e Oportunidades para África (AGOA, na sigla em inglês), criticando o ataque do golpe militar ao pluralismo político e ao Estado de direito.
Os Estados Unidos têm estacionados no Níger cerca de 1.100 militares, ao abrigo de um acordo de cooperação militar assinado em 2012, bem como uma importante base de 'drones' em Agadez (centro do país).
Para além da denúncia do acordo militar com os Estados Unidos, a junta militar que tomou o poder no Níger em 26 de julho de 2023 expulsou cerca de 1.400 franceses estacionados no país, cerca de 1.000 dos quais na capital, Niamey, e 400 em duas bases avançadas no oeste, em Ouallam e Tabarey-Barey, no coração da chamada zona das "três fronteiras" com o Mali e o Burkina Faso.
Durante uma visita de Lamine Zeine à Rússia em janeiro, Moscovo decidiu "intensificar" a sua cooperação militar com o Níger, que enfrenta grupos jihadistas em várias partes do seu território.
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