A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a fome na Faixa de Gaza é "iminente, com consequências de saúde imediatas e a longo prazo".
Comentando um relatório da Iniciativa Integrada de Classificação da Fase de Segurança Alimentar (IPC) sobre a fome na Faixa de Gaza, citada pela agência Al Jazeera, a OMS diz que tem realizado "missões de alto risco para entregar medicamentos, combustível e alimentos para profissionais de saúde e seus pacientes", mas "os pedidos para entregar bens são frequentemente bloqueados ou recusados".
"Estradas danificadas e combates contínuos, inclusive dentro e perto dos hospitais, significam que as entregas são poucas e lentas", continuou a OMS, lamentando que quando as missões "chegam aos hospitais", encontram "profissionais de saúde exaustos e famintos" que pedem "comida e água".
A OMS "e outros parceiros da ONU" pediram a Israel, por isso, que "abra mais passagens e acelere a entrada e entrega de água, alimentos, ajuda médica e outra ajuda humanitária em Gaza e dentro dela".
"Como força de ocupação, é da sua responsabilidade, ao abrigo do direito internacional, permitir a passagem de abastecimentos, incluindo alimentos. Os esforços recentes para entregar por via aérea e marítima são bem-vindos, mas só a expansão das travessias terrestres permitirá entregas em grande escala para evitar a fome", concluiu.
Famine in Gaza is imminent, with immediate and long-term health consequences
— World Health Organization (WHO) (@WHO) March 18, 2024
The latest analysis from the Integrated Food Security Phase Classification (IPC) partnership released today warns that the situation in #Gaza is catastrophic, with northern Gaza facing imminent famine… pic.twitter.com/ZTQL4aIilj
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 120 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 31.700 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 70.000, também maioritariamente civis.
As agências da ONU indicam ainda que pelo menos 160 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes devido ao colapso dos hospitais, ao surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 418 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado perto de 7.000 detenções e mais de 3.000 feridos.
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