"Tudo indica que a cidade de Maputo apresenta maior tendência e incidência de casos criminais de raptos, seguida da província de Maputo e, por fim, Sofala, com registo de 103, 41 e 18 casos, respetivamente", declarou Pascoal Ronda, falando à comunicação social após uma reunião do Conselho de Ministros, na Presidência moçambicana.
Segundo o governante, as tendências mostram um "comportamento decrescente" desde 2020, como resultado de "ações concertadas" das autoridades moçambicanas.
"Importa também referir que de janeiro de 2023 aos dias de hoje, a PRM registou nove casos de raptos consumados e seis casos foram frustrados. Portanto, houve tentativas e essas tentativas foram frustradas, porque, na verdade, as comunidades e a ação policial deram sinal de que não podia acontecer", acrescentou o governante.
O ministro moçambicano admitiu, no entanto, a existência de desafios para combater os raptos no país, considerando que a onda está a criar um sentimento de insegurança, pouco favorável para o ambiente de negócios.
"Urge a necessidade de aprimorarmos cada vez mais os nossos métodos de atuação e a nossa capacitação e também a nossa potenciação e meios tecnológicos adequados para correspondermos ao problema e enfrentá-lo com a expectativa que merece", acrescentou o governante.
A onda de raptos em Moçambique tem afetado empresários e seus familiares, sobretudo pessoas de ascendência asiática, o que para as autoridades exige uma reflexão.
"Esta questão é muito profunda e requer uma nova reflexão (...). Estamos a fazer um estudo para a responder", acrescentou o governante.
Pascoal Ronda admitiu que o crime tem ramificações que se estendem até à vizinha África do Sul, país com o qual Moçambique tem fortes relações, havendo até estrangeiros detidos por envolvimento nos raptos em Moçambique.
"Os mandantes destes crimes continuam escondidos algures, mas esforços decorrem conducentes à sua localização. Alguns se encontram em outros países, daí que o Governo tem estado a desencadear esforços de cooperação bilateral, multilateral e até internacional" acrescentou.
A Associação Moçambicana de Polícias considerou, há semanas, em entrevista à Lusa, que falta vontade política para travar a onda de raptos no país, defendendo uma reforma e investimentos na corporação para eficácia das autoridades no combate a este tipo de crime.
"Para termos a segurança desejada no combate a este crime precisamos de uma força organizada. A nossa polícia hoje não está preparada para garantir a ordem e segurança públicas. Isso não quer dizer que nós não temos polícias, temos sim muitos e bons, mas falta vontade política", declarou Nazário Muanambane, presidente da associação.
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