Guterres "profundamente alarmado" com ataque israelita a hospital

O secretário-geral da ONU está "profundamente alarmado" com a incursão de Israel no hospital Al-Shifa, apelando ao respeito pelo direito internacional.

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© Dursun Aydemir/Anadolu via Getty Images

Lusa
21/03/2024 06:42 ‧ 21/03/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

António Guterres "está profundamente alarmado com esta operação dentro do Hospital Al-Shifa, onde estão detidos milhares de deslocados e refugiados", afirmou na quarta-feira a porta-voz do responsável da ONU Florencia Soto Niño.

"Reiteramos que todas as partes devem respeitar o direito humanitário internacional e que os hospitais só podem perder o estatuto de proteção se forem utilizados fora da função humanitária", realçou.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza indicou que os pacientes e o pessoal médico encurralados no Al-Shifa, o maior hospital do enclave, "continuam em jejum por falta de alimentos e água, devido ao cerco das forças de ocupação".

As autoridades da Faixa denunciaram "um massacre sangrento", depois de o exército israelita ter declarado a morte de dezenas "de terroristas", que Gaza alegou serem civis palestinianos.

O Exército israelita anunciou na quarta-feira que deteve cerca de 600 supostos combatentes de milícias palestinianas dentro do hospital.

O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, indicou que foram identificados 250 dos detidos como membros dos movimentos islamitas Hamas e Jihad Islâmica, enquanto estão a ser investigadas as ligações de outros 350 detidos com estes grupos.

"Estamos a falar de muitos membros da Jihad Islâmica, incluindo comandantes de batalhão e membros e responsáveis políticos do Hamas", explicou Hagari num vídeo gravado à entrada do hospital.

O Exército indicou que foram detidos mais de 300 suspeitos na área e localizaram armas em todo o hospital, incluindo metralhadoras, carregadores, morteiros, granadas e lança-granadas RPG.

As forças de Telavive alegaram que a operação é "parte do esforço para capturar terroristas que se escondem e operam dentro de edifícios hospitalares e que usam a população civil como escudo humano".

Na quarta-feira, Israel também afirmou ter matado cerca de 90 supostos militantes palestinianos e transferido "160 suspeitos para território israelita para posterior interrogatório".

Por outro lado, insistiu que em todas as operações militares dentro do Al-Shifa está a evitar danos a "civis, doentes e equipamentos médicos" e disse que na noite de terça-feira forneceu 1.800 litros de água e 3,8 toneladas de alimentos de ajuda humanitária às pessoas refugiadas dentro do hospital.

No entanto, a agência oficial palestiniana Wafa indicou que alguns dos doentes tiveram de abandonar o complexo hospitalar e dirigir-se para o Hospital Baptista, apesar do estado de saúde.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar "terrivelmente preocupado" com a situação e sublinhou que "os hospitais nunca devem ser campos de batalha".

Já o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) reiterou a necessidade de proteger os civis, incluindo pacientes, doentes, feridos e pessoal médico.

A OMS documentou 410 ataques contra o sistema de saúde em Gaza desde 07 de outubro, com centenas de vítimas, e danos causados a uma centena de instalações.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro com um ataque em solo israelita do Hamas, no poder desde 2007 no enclave, e deixou 1.163 mortos, na maioria civis.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra total para erradicar o Hamas, tendo sido mortas nas operações militares em grande escala mais de 31 mil pessoas, de acordo com as autoridades locais.

Leia Também: Líderes da UE tentam hoje posição comum perante tragédia em Gaza

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