A Ucrânia "não tem absolutamente nada que ver" com o tiroteio em Moscovo, declarou um conselheiro da Presidência da República ucraniana, Mikhailo Podoliak, classificando o ataque como um "ato terrorista".
"Sejamos claros, a Ucrânia não tem absolutamente nada que ver com esses acontecimentos", garantiu na plataforma digital Telegram Podoliak, cujo país combate há mais de dois anos uma invasão russa.
"A Ucrânia nunca utilizou métodos de guerra terroristas", acrescentou.
Para Kyiv, "é importante realizar operações de combate eficazes, ações ofensivas para destruir o exército regular russo" e pôr fim à invasão, sublinhou ainda o responsável.
Por sua vez, a legião Liberdade da Rússia, um grupo de combatentes russos anti-Kremlin sediado na Ucrânia, negou também qualquer envolvimento no mortífero ataque armado hoje ocorrido numa sala de concertos moscovita.
"Sublinhamos que a Legião não combate os civis russos", declarou o grupo, que responsabilizou "o regime terrorista do [Presidente russo, Vladimir] Putin".
Pelo menos 40 pessoas morreram e mais de uma centena ficou ferida hoje à noite num tiroteio seguido de um incêndio de grandes proporções numa sala de concertos nos arredores de Moscovo, onde vários homens armados entraram, segundo as autoridades russas, que condenaram o que classificaram como "um sangrento atentado terrorista".
Não ficou imediatamente claro se o ataque ainda estava em curso ou se ainda havia alguém no interior do edifício na altura em que a notícia foi divulgada pelas agências russas.
O ataque perpetrado por vários indivíduos munidos de armas de fogo ocorreu ao início da noite no Crocus City Hall, uma sala de espetáculos situada em Krasnogorsk, um subúrbio situado mesmo junto à saída noroeste da capital russa.
Segundo a agência noticiosa francesa AFP, o edifício estava em chamas, com uma coluna de fumo negro subindo do telhado e uma enorme presença da polícia e dos serviços de emergência, com dezenas de luzes azuis a iluminar a noite.
De acordo com a agência pública russa Ria Novosti, homens envergando camuflados irromperam pelo piso térreo do edifício, abriram fogo e lançaram "uma granada ou uma bomba incendiária" sobre a multidão, "o que causou um incêndio".
"As pessoas que se encontravam no local deitaram-se no chão para se protegerem das balas, durante entre 15 e 20 minutos, após o que começaram a sair de rompante. Muitas conseguiram escapar", relatou a Ria Novosti.
Os serviços de socorro, citados pela agência Interfax, descreveram um "grupo de duas a cinco pessoas não-identificadas envergando uniformes táticos e munidas de armas automáticas", que "abriu fogo sobre os agentes de segurança à entrada da sala de concertos" e depois "começou a disparar sobre o público".
Segundo o Ministério das Situações de Emergência russo, os bombeiros conseguiram retirar do edifício cerca de 100 pessoas que se encontravam na cave da sala de espetáculos e estão a decorrer operações para "resgatar pessoas que se encontram no telhado do edifício, utilizando plataformas elevatórias".
O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, anunciou o cancelamento de todos os eventos públicos.
O ataque ocorreu durante um concerto da banda de rock russa Piknik, cujos membros foram retirados do local, noticiou a agência TASS.
Os canais noticiosos Baza e Mash da plataforma digital Telegram, considerados próximos das forças de segurança, divulgaram vídeos mostrando pelo menos dois homens armados a avançar para a sala e outros em que podem ver-se cadáveres e grupos de pessoas precipitando-se para a saída.
Noutras imagens, veem-se espetadores a esconder-se atrás dos assentos ou a sair da sala de concertos.
O ex-Presidente russo Dmitri Medvedev garantiu que Moscovo matará os dirigentes ucranianos se se verificar que estiveram envolvidos no ataque. Foi aberta uma investigação sobre um "ato terrorista".
A embaixada dos Estados Unidos na Rússia tinha alertado há duas semanas os seus cidadãos, afirmando: "Os extremistas têm planos iminentes para atacar grandes concentrações em Moscovo, incluindo concertos".
"Se os Estados Unidos têm, ou tiveram, informações fiáveis sobre este assunto, devem transmiti-las imediatamente à Rússia", afirmou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
No passado, a Rússia foi alvo de numerosos ataques por parte de grupos islamitas, mas também de tiroteios sem motivos políticos ou atribuídos a pessoas desequilibradas.
Em 2002, combatentes chechenos fizeram reféns 912 pessoas no teatro Dubrovka, em Moscovo, para exigir a retirada das tropas russas da Chechénia.
O sequestro terminou com uma operação das forças especiais russas que se saldou na morte de 130 pessoas, quase todas asfixiadas pelo gás utilizado pelas forças de segurança.
[Notícia atualizada às 20h45]
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