Detidos três suspeitos de terem ordenado assassinato de Marielle Franco
O crime ocorreu em março de 2018.
© Getty Images
Mundo Marielle Franco
As autoridades brasileiras detiveram, este domingo, três suspeitos que terão ordenado o assassinato da vereadora brasileira Marielle Franco, em março de 2018.
Os detidos tratam-se dos irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão e do agente Rivaldo Barbosa, que foram alvo de mandados de prisão preventiva no âmbito da 'Operação Murder, Inc.', desencadeada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) do Brasil, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF), relatou o g1.
De acordo com o mesmo meio, Domingos Frazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), enquanto o irmão é deputado federal pelo União Brasil. Já Rivaldo Barbosa era chefe da Polícia Civil à data do homicídio, sendo atualmente coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição.
Além das detenções, foram emitidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio de Janeiro e no Tribunal de Contas do Estado. Entre os alvos estão o agente Giniton Lages, titular da pasta de homicídios à data do crime e o primeiro a investigá-lo, bem como um dos seus principais subordinados.
As autoridades terão apreendido vários documentos e dispositivos eletrónicos, segundo o g1.
O motivo da morte de Marielle ainda é um mistério. Contudo, as investigações apontam para causas relacionadas com a expansão territorial de uma milícia no Rio de Janeiro.
A operação foi levada a cabo este domingo alegadamente para surpreender os suspeitos, que já estariam em alerta, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter aceitado o acordo de delação do ex-polícia militar e responsável pelo crime, Ronnie Lessa.
O homem, que está detido desde 2019, detalhou que os mandantes do crime integram um grupo político poderoso no Rio de Janeiro, que detém vários interesses em diversos setores do Estado.
Lessa revelou ainda quem o contratou para executar o crime e por que queria matar Franco, além de ter apresentado as circunstâncias da morte e pormenores dos encontros que teve com quem o contratou, antes e depois do crime, no qual morreu também o motorista Anderson Gomes.
Família já reagiu. "Domingo de muita dor, mas para se fazer justiça"
A viúva de Marielle Franco, Monica Benicio, já estará nas instalações da Polícia Federal.
Por seu turno, a ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, recorreu à rede social X (Twitter) para assinalar o "grande passo" para obter "respostas".
"Só Deus sabe o quanto sonhámos com este dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e porquê? Agradeço o empenho da Polícia Federal, do governador federal, do Ministério Público federal e estadual, e do ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!", escreveu.
Defender a justiça por esse crime, defender a democracia, representa um lado da narrativa que estamos vivendo hoje. Não tem sido fácil esses últimos 6 anos.
— Anielle Franco (@aniellefranco) March 24, 2024
Hoje estamos dando resposta para violência politica, estamos dando resposta pro favelado que votou na Marielle, para as… pic.twitter.com/6HYnKMituX
Já a mãe de Marielle, Marinete da Silva, confessou ser um "domingo de muita dor, mas também para se fazer justiça", em entrevista à GloboNews.
Recorde-se que investigação sobre os responsáveis pelo homicídio chegou ao Supremo Tribunal Federal no início de março, depois de ter sido identificado o suposto envolvimento de uma pessoa com imunidade penal.
O tribunal superior é responsável por julgar pessoas que, por ocuparem cargos públicos, têm o direito, em caso de serem acusadas de um crime, de serem julgadas por um tribunal diferente daquele que seria aplicado a um cidadão normal.
O homicídio de Marielle Franco, em março de 2018, chocou parte da sociedade brasileira. Destacada ativista da defesa dos direitos das minorias, a vereadora e o motorista foram mortos a tiro quando circulavam pelo centro do Rio de Janeiro.
Seis anos após o crime, os antigos polícias Ronnie Lessa e Elcio Queiroz estão presos acusados de cometer o homicídio. Dois são suspeitos de participarem, Maxwell Simões Correa que terá cedido o seu veículo para esconder as armas, e Edilson Barbosa dos Santos, dono do estabelecimento responsável de se desfazer do veículo.
[Notícia atualizada às 12h18]
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