"Podemos fazer isto. É possível", declarou Nicole Shanahan, no seu primeiro discurso como candidata, num comício em Oakland, Califórnia, dizendo que Robert F. Kennedy Jr. restaurou a sua esperança na democracia norte-americana.
O sobrinho do ex-presidente democrata assassinado em 1963, John F. Kennedy, e filho do candidato democrata assassinado em 1968, Robert F. Kennedy, aparece nas sondagens nacionais com intenções de voto em torno dos 14% a 16%.
"A visão que partilhamos é uma de cura nacional", declarou Shanahan, prometendo diplomacia.
Um ponto-chave do comício, que durou mais de duas horas e meia, foi a posição crítica dos candidatos em relação às indústrias farmacêutica e agro-alimentar, com oposição às vacinas contra a covid-19, os químicos e pesticidas nos alimentos, e a contaminação de solos e lençóis de água no país.
"Um dos focos da minha filantropia é o problema das doenças crónicas", disse Nicole Shanahan, referindo uma crise na saúde reprodutiva, a explosão de diagnósticos de autismo (incluindo a sua filha pequena) e o efeito dos poluentes industriais, microplásticos e os "químicos eternos" que afetam a saúde global.
Esta luta foi referida por Robert F. Kennedy Jr. como um dos principais motivos para a escolha de Shanahan, já que a sua própria carreira como advogado foi devotada a lutar contra gigantes como a Monsanto e em causas ambientais.
"Queria uma vice-presidente que partilhasse a minha paixão por alimentos saudáveis, livres de químicos, bons solos", disse o candidato. "Encontrei a pessoa certa."
A escolha foi também justificada com o alinhamento na luta contra os interesses das grandes farmacêuticas e a necessidade de regulamentar as tecnológicas e a Inteligência Artificial.
"A Nicole vai fazer frente a Silicon Valley, que conhece por dentro e por fora", prometeu Robert F. Kennedy Jr., mencionando as origens humildes de Shanahan.
Filha de mãe chinesa e pai irlandês e alemão, a candidata de 38 anos falou no seu discurso de uma infância marcada pela incerteza económica.
"Não teríamos conseguido sobreviver sem subsídio alimentar e ajuda do governo", afirmou, sublinhando que mais tarde viria a ficar rica sem abandonar as suas origens.
"Nunca esqueci que o propósito da riqueza é ajudar os que têm necessidades", disse, levando ao aplauso efusivo da audiência.
Kennedy, herdeiro de uma dinastia política nos Estados Unidos, criticou a bipolaridade da escolha nas próximas eleições, afirmando que nem Joe Biden nem Donald Trump compreendem as implicações da Inteligência Artificial e são incapazes de lidar com "a oligarquia de milionários" que domina a tecnologia.
"Setenta por cento dos americanos não querem escolher entre Trump e Biden, entre o menor de dois males", afirmou Robert F. Kennedy Jr. A alternância entre democratas e republicanos na presidência, considerou, não só não resolveu os problemas do país como os tem tornado pior.
"A nossa campanha é 'spoiler', concordo com isso", disse, mencionando os receios dos democratas -- o seu antigo partido -- de que um terceiro candidato desvie votos de Biden e ajude a eleger Trump.
"É um 'spoiler' para o presidente Biden e para Trump. É um 'spoiler' para a máquina de guerra, para Wall Street, para as grandes empresas de agricultura, de tecnologia, farmacêuticas, média, para políticos e companhias corruptas", considerou.
Depois de ser recebido com cânticos de "Bobby! Bobby!", o candidato disse que milhões de americanos não irão às urnas se não tiverem uma escolha alternativa aos candidatos dos partidos de poder.
"Vamos montar uma coligação imparável de democratas e republicanos sem teto", prometeu Kennedy, que terminou pedindo aos eleitores que se recusem "a votar por medo".
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