Especialista da ONU diz-se ameaçada por ter acusado Israel de genocídio

A especialista das Nações Unidas que alegou haver "motivos razoáveis" para acreditar que Israel cometeu "atos de genocídio" em Gaza admitiu hoje ter recebido ameaças, mas disse que não pretende demitir-se.

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© Atilgan Ozdil/Anadolu Agency/Getty Images

Lusa
27/03/2024 16:09 ‧ 27/03/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

"Tenho sido atacada desde o início do meu mandato" em 2022, disse a relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, numa conferência de imprensa.

"Não estou a dizer que é agradável e às vezes recebo ameaças, mas até agora não necessitei de precauções adicionais", afirmou a especialista, cujo mais recente relatório foi divulgado na segunda-feira.

Israel proibiu-a de entrar no seu território após declarações que, segundo as autoridades israelitas, negam o caráter antisemita do ataque do Hamas em 07 de outubr

A funcionária da ONU é apoiada por muitos países, mas está no centro de uma controvérsia, com alguns observadores a considerarem que as suas declarações à imprensa são por vezes demasiado polémicas.

A especialista - que é mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos mas não fala em nome da organização - afirmou estar sob pressão, mas assegurou que isso não altera a sua intenção de prosseguir as suas tarefas.

"Pode ser que decida retirar-me em algum momento, simplesmente porque também tenho uma vida privada que gostaria de desfrutar, mas não será porque fui demonizada ou maltratada", explicou Albanese.

Para as autoridades de Israel, o relatório de Albanese faz parte de "uma campanha para minar o próprio estabelecimento do Estado judaico", o que a especialista refuta.

"Não estou a questionar a existência do Estado de Israel (...) mas faço parte de um movimento que quer o fim do 'apartheid'", reagiu Albanese, assegurando que também condena o Hamas.

O ataque sem precedentes de 07 de outubro do movimento islamita palestiniano em solo israelita desencadeou uma ofensiva terrestre e aérea israelita na Faixa de Gaza, onde a população está à beira da fome, segundo a ONU.

Albanese tem exigido uma presença internacional de proteção e medidas contra Israel, incluindo sanções económicas e um embargo de armas.

Para esta especialista, "o genocídio já foi cometido", mas "ainda se podem salvar vidas e ainda se pode deter a descida para o abismo".

"Sabemos quem é o principal apoio político e económico de Israel. Os olhares estão voltados para os Estados Unidos", disse Albanese, acrescentando que pretende examinar as questões de responsabilidade e cumplicidade num próximo relatório.

Leia Também: Israel anula viagem de delegação aos EUA para enviar mensagem ao Hamas

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