Numa conferência de imprensa conjunta realizada depois de uma reunião bilateral em Varsóvia, Tusk sublinhou que os dois governos ainda estão à procura de soluções que sejam boas para ambos os lados.
A entrada de alimentos ucranianos no espaço da UE, especialmente de cereais, através da Polónia, provocou a pior crise bilateral entre Varsóvia e Kiev desde o início da guerra, com os agricultores polacos a bloquearem a entrada de camiões ucranianos nas fronteiras.
Tusk indicou que a Polónia propôs à UE a imposição de uma taxa de 50% sobre os produtos agroalimentares russos e bielorrussos, o que descreveu como "um passo em frente" para a resolução do conflito, uma vez que o mercado europeu poderia absorver mais importações da Ucrânia.
A reunião foi marcada há cerca de um mês, num dos piores momentos dos protestos dos agricultores polacos contra as importações ucranianas, ações que continuam a condicionar a circulação na fronteira entre os dois países.
As relações entre os dois países vizinhos têm-se tornado tensas nos últimos meses devido a esta disputa comercial.
A Polónia tem estado entre os maiores apoiantes da Ucrânia desde o início da ofensiva militar russa, em fevereiro de 2022, mas as facilidades concedidas pela UE ao setor agrícola do país em guerra irritaram os agricultores polacos, que têm realizado vários bloqueios e manifestações.
A Ucrânia viu o seu setor agrícola e as principais rotas de exportação através do Mar Negro paralisados pela invasão russa.
Para ajudar Kiev no campo económico, Bruxelas eliminou os direitos aduaneiros sobre as mercadorias ucranianas que transitavam pela UE em 2022.
No entanto, devido a problemas logísticos e fraudes, uma grande parte das exportações ucranianas destinadas a países terceiros permaneceram na Polónia, em detrimento dos bens dos produtores locais.
Em setembro, a Polónia prorrogou o embargo aos cereais ucranianos, desafiando Bruxelas, que já tinha anunciado o fim das restrições.
Desde fevereiro, os agricultores polacos têm protestado em todo o país, opondo-se às importações de produtos agrícolas da Ucrânia e às medidas ambientais do bloco comunitário.
A UE apresentou recentemente propostas destinadas a reformar certas regras da Política Agrícola Comum (PAC), a fim de apaziguar os agricultores, mas as alterações propostas ainda terão de ser negociadas entre os 27 Estados-membros do bloco comunitário e o Parlamento Europeu.
Apesar de não terem chegado a um acordo final, Tusk e Chmygal concordaram que irão manter a "aliança estratégica" entre os países, algo que, segundo o líder polaco, "não pode ser destruída por nenhum poder no mundo".
Tusk confirmou também o "apoio inabalável" da Polónia às aspirações da Ucrânia de aderir à UE e à NATO.
Por sua vez, Denys Chmygal anunciou um acordo para criar empresas conjuntas de armas em ambos os países, bem como projetos para construir novas linhas ferroviárias entre Lviv (oeste) e a cidade polaca de Chelm (leste).
Além disso, o primeiro-ministro ucraniano afirmou que o seu Governo quer que "a Polónia esteja presente na reconstrução da Ucrânia" após a guerra e disse que espera que Varsóvia esteja representada ao mais alto nível na próxima conferência sobre este tema, marcada para junho em Berlim.
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