Imamoglu, de 52 anos e que há cinco anos se estreou de forma fulminante na cena política nacional, manterá o cargo de presidente da Câmara de Istambul, apesar dos esforços contrários realizados por Erdogan, que também foi autarca da cidade, na década de 1990.
Quase desconhecido, o representante eleito do Partido Republicano Popular (CHP) colocou fim, em 2019, a 25 anos de domínio de Erdogan e dos seus apoiantes sobre a maior cidade da Turquia, beneficiando de uma aliança de partidos da oposição, escreve hoje a AFP.
Personalidade carismática e mediática, o presidente da Câmara de Istambul está na mira das autoridades após ter sido condenado, no final de 2022, a dois anos e sete meses de prisão por "insultar" os membros do Alto Comité Eleitoral Turco.
O governante eleito recorreu, mas esta sentença, que continua a representar uma ameaça ao seu futuro político, excluiu-o da corrida à Presidência em maio de 2023.
Regularmente considerado como uma das figuras políticas favoritas dos turcos, Imamoglu continua a ser tido como um rival direto do Presidente Erdogan, que anunciou recentemente que estas eleições municipais seriam as suas "últimas eleições".
Durante a sua campanha para essas eleições municipais, Ekrem Imamoglu usou a sua voz rouca para multiplicar as farpas contra o chefe de Estado, visando-o mais do que ao candidato do partido no poder, Murat Kurum.
Muçulmano praticante, mas membro de um partido secular, este antigo empresário do Mar Negro, que fez fortuna na construção antes de entrar na política, é uma figura apelativa que ultrapassa o seu partido.
O presidente da Câmara, no entanto, não é unânime no seu campo político, sendo por vezes acusado de se preocupar mais com o seu futuro político do que com os seus eleitores.
O partido pró-curdo DEM (anteriormente HDP), que se aliou a Imamoglu em 2019, criticou-o pelo seu silêncio após dezenas dos seus representantes eleitos terem sido destituídos do cargo e presos.
Imamoglu também se recusa a proclamar-se como candidato ao cargo presidencial.
"Ainda faltam quatro anos até 2028. Seria inapropriado para mim falar sobre isso hoje", declarou numa entrevista ao meio de comunicação de oposição Medyascope.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu "respeitar a decisão da nação" nas eleições municipais de domingo, cujos resultados representam uma derrota para o seu partido, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).
Erdogan admitiu que os resultados parciais das eleições, que dão o CHP na liderança de várias autarquias, constituem um "ponto de viragem".
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