Kremlin rejeita "acusações infundadas" sobre a 'síndrome de Havana'

O porta-voz da Kremlin adiantou que "ninguém publicou ou expressou qualquer prova convincente dessas acusações infundadas em lado nenhum".

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© MIKHAIL METZEL/POOL/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
01/04/2024 15:16 ‧ 01/04/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Síndrome de Havana

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, desvalorizou a investigação realizada pelo Pentágono que revelou que a misteriosa doença sofrida nos últimos anos pelo pessoal diplomático, político e de segurança dos Estados Unidos, batizada como 'síndrome de Havana', é alegadamente causada por atividades secretas promovidas pela Rússia.

"Este não é um tema novo; durante muitos anos a chamada 'síndrome de Havana' foi exagerada na imprensa e desde o início esteve ligada a acusações contra o lado russo", começou por dizer Dmitry Peskov aos jornalistas, esta segunda-feira, citado pela agência Reuters.

Contudo, o porta-voz da Kremlin adiantou que "ninguém publicou ou expressou qualquer prova convincente dessas acusações infundadas em lado nenhum", pelo que, na sua ótica, são apenas "acusações infundadas da imprensa".

Saliente-se que a causa agora avançada para a doença, assim chamada devido à sua incidência inicial em Cuba, contradiz a versão oficial de Washington.

Dezenas de pessoas sofreram uma série de sintomas que os especialistas médicos atribuíram a ultrassons ou micro-ondas de origem desconhecida. Os relatos terão começado a criar suspeitas em 2016, quando diplomatas e funcionários de embaixadas norte-americanas em vários países sofreram episódios graves de enxaquecas, náuseas e até lesões cerebrais.

Como se pensou que a origem estaria em Havana, onde houve mais queixas, os Estados Unidos retiraram grande parte do pessoal do país, mas rapidamente começaram a surgir relatos em outros países como a China, a Alemanha, a Rússia, a Austrália e até em Washington.

Embora não tenha sido encontrada, na altura, nenhuma razão plausível para os incidentes, o Congresso norte-americano aprovou, em 2021, a chamada Lei de Havana, que autorizou o Departamento de Estado, a CIA e outras agências governamentais a indemnizar funcionários afetados pela doença durante missões diplomáticas.

Uma investigação publicada em 2023 concluiu que era "muito improvável" que os casos fossem obra de um Estado estrangeiro, embora nenhuma teoria alternativa tenha sido apresentada e esta onda de "incidentes médicos anómalos".

Agora, uma outra investigação, da qual um dos principais responsáveis é o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e que foi hoje publicada pelos órgãos de comunicação social The Insider, Der Spiegel e CBS, refere que a origem da doença está em Moscovo.

O estudo adianta ainda que, ao contrário do que se pensava, os primeiros casos poderão não ter acontecido em Havana em 2016 mas, sim, antes.

"Provavelmente houve ataques dois anos antes, como em Frankfurt, na Alemanha, quando um funcionário do governo dos EUA que trabalhava no consulado local perdeu os sentidos depois de ter sentido ser atingido por uma espécie de feixe de energia", diz a investigação.

Um dos autores da análise, Greg Edgreen, refere que o "nexo russo" é o denominador comum em todos os casos, sendo que as autoridades russas teriam mesmo recompensado uma unidade dos seus serviços de informações militares, a 29155, pelo seu bom trabalho nesta questão.

Membros deste grupo terão estado em todos os locais onde foram relatados ataques, coincidindo também com estes incidentes, afirma a informação jornalística publicada.

De acordo com Edgreen, os próprios investigadores norte-americanos estabeleceram um padrão demasiado exigente para poder lançar uma acusação formal contra Moscovo porque, entre outras razões, isso implicaria enfrentar algumas "verdades inconvenientes", como a de que os Estados Unidos teriam falhado na proteção do seu pessoal.

Leia Também: Nova investigação culpa Rússia pela 'síndome de Havana' de diplomatas

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