Antes do ataque, os navios conseguiram desembarcar cerca de 100 das 400 toneladas transportadas por esta segunda missão do corredor de ajuda marítima a Gaza, que saiu de Chipre no sábado passado, na qual participaram a WCK, fundada pelo 'chef' espanhol José Andrés, e a organização não-governamental (ONG) Open Arms.
A WCK já tinha anunciado que ia suspender imediatamente as suas operações na região e tomar decisões sobre o futuro das suas atividades.
A ONG trabalha na Faixa de Gaza há cinco meses, desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, em outubro do ano passado, durante os quais distribuiu dezenas de milhões de refeições à população do enclave palestiniano.
Neste momento, os navios já estão a caminho de Chipre, segundo confirmou a chefe de comunicações da ONG espanhola Open Arms, Laura Lanuza, citada pela agência espanhola de notícias EFE, sem acrescentar mais pormenores.
"Este não é apenas um ataque contra a WCK, mas também contra organizações humanitárias que intervêm nas situações mais terríveis, nas quais os alimentos são usados como arma de guerra. É imperdoável", considerou a diretora-geral da World Central Kitchen, Erin Gore, em comunicado.
Esta ONG garantiu ainda que a equipa atacada se deslocava numa zona de menores tensões e em veículos devidamente assinalados com o emblema WCK, sendo que os seus movimentos tinham sido coordenados com as forças israelitas.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Chipre, Constantinos Kombos, garantiu, em conferência de imprensa, que o ataque aconteceu a 12 quilómetros da zona de desembarque da ajuda, na costa de Gaza, e que os trabalhadores humanitários se dirigiam para as suas casas depois de terem terminado um turno de trabalho.
"Não sabemos porque é que isto aconteceu, como aconteceu, qual foi a razão, se houve um erro ou não, é isso que estamos a tentar esclarecer, mas, como é compreensível, neste momento estamos a pensar nas vítimas, a pensar na WCK", disse o ministro.
Kombos garantiu que a WCK suspendeu as suas operações por respeito às vítimas e para rever o protocolo de segurança.
Em 12 de março, a WCK e a Open Arms inauguraram um corredor de ajuda humanitária para Gaza por via marítima para aliviar a fome causada no enclave palestiniano sobrepovoado pelo bloqueio e pelos bombardeamentos israelitas.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou quase 33 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.
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