"Temos informações confirmadas de que no território da Guiana Essequiba, temporariamente administrado pela Guiana, foram instaladas bases militares secretas (...), núcleos militares do Comando Sul e núcleos da CIA", disse Nicolás Maduro na quarta-feira.
O líder venezuelano referia-se ao Comando Sul militar dos Estados Unidos, responsável pela América Central, América do Sul e Caraíbas, e à Central Intelligence Agency (CIA), a agência de espionagem norte-americana.
Maduro falava na Assembleia Nacional, an capital Caracas, no ato de promulgação da nova Lei para a Defesa da Guiana Essequiba, durante o qual disse que a alegada instalação de bases militares secretas tem como propósito "preparar agressões contra a população de Tumeremo [880 quilómetros a sudoeste de Caracas] e contra a população do sul e do leste da Venezuela, e para preparar uma escalada contra a Venezuela".
"A Guiana é governada pelo Comando Sul, pela CIA e pela [petrolífera norte-americana] ExxonMobil. E não estou a exagerar. Eles controlam o Congresso e os dois partidos maioritários, o governo e a oposição. Controlam todo o governo. Controlam totalmente todas as forças de defesa da Guiana, as forças policiais", disse Maduro.
Os venezuelanos devem "estar sempre preparados, com a guarda e a moral em alto, para defender o direito da Venezuela à paz e à sua integridade territorial", acrescentou.
A região de Essequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como "zona em reclamação", está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.
Com cerca de 160 mil quilómetros quadrados, Essequibo é rico em petróleo, representa mais de dois terços do território da Guiana e abriga cerca de um quinto da população, ou cerca de 125 mil pessoas.
A reivindicação da Venezuela tornou-se mais premente desde que a ExxonMobil descobriu petróleo em Essequibo, em 2015, tendo a tensão entre os dois países aumentado desde então.
Para a Venezuela, o rio Essequibo devia ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.
Entretanto, a Guiana autorizou já oito empresas estrangeiras a explorar jazidas petrolíferas em águas reclamadas pela Venezuela.
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