Hamas diz que Telavive quer deslocados a regressar "sob baionetas"

O movimento islamita palestiniano Hamas afirmou hoje que as autoridades israelitas estão a "exigir" nas negociações para uma trégua no conflito na Faixa de Gaza que os milhares de pessoas deslocadas pelos seus ataques regressem "sob baionetas".

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© MOHAMMED ABED/AFP via Getty Images

Lusa
08/04/2024 17:25 ‧ 08/04/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Neste sentido, insistiu que Israel continua a obstruir qualquer tipo de acordo e que as suas propostas não reconhecem sequer os mínimos, como a retirada do exército da Faixa de Gaza, ou um cessar-fogo permanente.

"A resposta israelita que recebemos não inclui um cessar-fogo permanente nem a retirada da Faixa de Gaza", disse um alto dirigente do Hamas ao canal Al-Jazeera, do Qatar, sob condição de anonimato.

"O regresso dos deslocados, de acordo com a resposta israelita, é inseguro e faz-se através de passagens sob as baionetas da ocupação", disse a mesma fonte, que adiantou que Israel está a "exigir" que os que fugiram das suas casas sejam deslocados para campos longe dos seus locais de residência.

As negociações, em curso no Cairo, serão interrompidas hoje e as consultas "prosseguem nas próximas 48 horas", disse fonte egípcia próxima dos serviços secretos do Egito ao canal Al Qahera News.

A mesma fonte referiu que "estão a ser feitos progressos significativos na aproximação dos pontos de vista", indicando que se alcançou um "consenso sobre muitos pontos controversos".

As conversações têm contado com delegações de Israel e do movimento islamita palestiniano Hamas, bem como dos Estados Unidos e do Qatar, que, juntamente com o Egito, têm sido mediadores entre as partes em conflito.

Desde antes do início do Ramadão (mês sagrado do Islão), em 10 de março, que se tenta chegar a um acordo de tréguas, que inclua um cessar-fogo e a troca de reféns israelitas em Gaza por prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas, mas todas as tentativas falharam até agora devido à rejeição das exigências.

A atual proposta em negociação podia resultar num cessar-fogo de seis semanas na Faixa de Gaza, bem como na libertação de 40 dos reféns detidos pelo Hamas, incluindo soldados do sexo feminino, homens com mais de 50 anos e outros homens com problemas médicos graves.

Em contrapartida, Israel libertaria 700 prisioneiros palestinianos, de acordo com meios de comunicação social norte-americanos e israelitas.

No domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou que não haverá trégua sem que os 133 reféns ainda detidos pelo Hamas regressem a casa, acrescentando que Israel não vai ceder a "exigências extremas" dos islamitas.

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 185.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 33.200 mortos, quase 76.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: Chefe da diplomacia iraniana inaugura novo consulado do Irão em Damasco

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