"Enfrentamos um problema em relação a figuras não públicas: se revelarmos factos sobre o seu trabalho, estaremos a engrandecer os feitos do inimigo e, se os escondermos, estaremos a degradar os direitos do mártir. (...) Desde 1982, a Guarda está presente na Síria e no Líbano", reconheceu Hassan Nasrallah, líder do grupo xiita libanês.
Num discurso transmitido pela televisão, o clérigo xiita recordou o atentado de há uma semana contra o consulado iraniano em Damasco, que matou seis sírios e sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo o chefe das Forças Quds (braço de operações especiais no estrangeiro) para a Síria e o Líbano, o general de brigada Mohamed Reza Zahedi.
Nasrallah reconheceu que este foi o maior bombardeamento israelita "em anos" dentro do território sírio, salientando que se tratou de um ataque direto "contra o Irão" e que envolveu também um aumento do nível de alvos ao visar "o conselheiro oficial na Síria", o general Zahedi.
A Guarda Revolucionária iraniana está presente em ambos os lados da fronteira sírio-libanesa desde pouco depois da invasão israelita do sul do Líbano em 1982, segundo referiu o líder do Hezbollah.
Zahedi, em particular, acrescentou Hassan Nasrallah, passou 14 anos da sua vida na organização "até ao seu assassínio" na passada segunda-feira em Damasco.
"Zahedi acompanhou-nos durante o auge antes de 2000 [ano da retirada israelita do Líbano]. Passou quatro anos e acompanhou-nos até depois da libertação para nos preparar para o inimigo", disse o líder do Hezbollah no seu discurso.
O alto comando iraniano regressou ao país mediterrânico por mais dois períodos, em 2008 e 2020.
O clérigo xiita comentou ainda que, durante a última visita, Zahedi insistiu que tinha viajado para "ser um mártir" e que Nasrallah estava "proibido" de o privar de "ir para a frente e para o sul", como admitiu ter feito após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro passado.
O Hezbollah recebe alegadamente armas e treino militar dos seus aliados iranianos, mas nenhuma das partes revela publicamente factos sobre o tema, tal como o da presença de membros da Guarda Revolucionária em várias zonas do território sírio.
O grupo libanês também faz parte do chamado Eixo de Resistência, uma aliança anti-israelita liderada por Teerão, que inclui os rebeldes Huthis do Iémen, grupos armados da Síria, fações palestinianas e várias milícias iraquianas.
Tal como os outros membros do Eixo, a formação libanesa abriu uma frente de apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas há seis meses e está envolvida num intenso fogo cruzado com Israel a partir do sul do Líbano.
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