O embaixador israelita junto da ONU, Guilad Erdan, apresentou os argumentos de Telavive em duas ocasiões, primeiro perante a Assembleia-Geral e depois em declarações aos jornalistas, no dia em que o processo para que a Palestina se torne o 194.º Estado da ONU teve início no Conselho de Segurança.
Erdan afirmou que o seu país assinou acordos de paz com o Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos "através do diálogo e das negociações e não por se sentir forçado por terceiros".
"Não há nada que perpetue mais o conflito do que um lado acreditar que pode forçar as suas exigências ao outro lado através de um terceiro ator, que é a ONU, e é exatamente isso que as Nações Unidas estão a fazer, garantindo aos palestinianos um Estado: perpetuar o conflito", disse o representante israelita, cujo país sempre recusou admitir a possibilidade de um Estado palestiniano.
"Este é o momento mais baixo da ONU, um momento de vergonha, desgraça e falência moral", sublinhou.
O reconhecimento da Palestina como um Estado de pleno direito parece ser suscetível de receber a oposição de Washington, que tem poder de veto sobre as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, uma vez que é um dos cinco membros permanentes do órgão.
Hoje, o embaixador adjunto norte-americano nas Nações Unidas, Robert Wood, disse aos jornalistas que a posição dos Estados Unidos não se alterou e que o reconhecimento total da Palestina é algo que deve ser negociado bilateralmente entre Israel e os palestinianos, e não na ONU.
Pouco depois, referindo-se à política bilateral mais alargada, Erdan foi elogioso para com Washington.
"Estamos gratos por tudo o que a administração dos Estados Unidos tem feito, que é apoiar a paz e a segurança na região", sublinhou.
As observações de Erdan surgem numa altura em que a administração norte-americana liderada por Joe Biden parece estar a distanciar-se da liderança do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por causa da forma como este tem lidado com a guerra na Faixa de Gaza.
Este distanciamento, segundo observadores citados pela agência noticiosa espanhola EFE, obrigou o primeiro-ministro israelita a garantir mais ajuda humanitária em Gaza e a atrasar a ofensiva militar no sul da Faixa de Gaza.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Leia Também: Líder do Hezbollah assume apoio da Guarda Revolucionária do Irão