Numa conversa telefónica, Erdogan disse a Haniyeh que Israel será "responsabilizado nos termos da lei pelos crimes contra a humanidade que cometeu", segundo um comunicado publicado pela Presidência turca nas redes sociais.
O líder político do Hamas, instalado no Qatar, declarou à estação televisiva Al-Jazeera que três dos seus filhos e alguns dos seus netos tinham morrido num bombardeamento israelita, mas que tal não alterará a posição da sua organização nas negociações em curso para alcançar uma trégua e a libertação dos reféns israelitas que o movimento islamita palestiniano mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.
Erdogan, que se tornou amigo de Haniyeh, tem sido um dos mais ferozes críticos de Israel desde o início da guerra em Gaza, em outubro passado, tendo classificado Israel como um "Estado terrorista", que acusa de estar a perpetrar "um genocídio" naquele território palestiniano.
Para o chefe de Estado turco, os combatentes do Hamas são "libertadores" ou 'mujahidines' a lutar pela sua terra.
Num comunicado, o Presidente iraniano lamentou também a morte dos familiares de Haniyeh, afirmando: "A ação insana do brutal regime sionista (Israel) no acampamento de Al-Shati que causou a morte de três dos teus preciosos filhos e de três dos seus filhos afetou-me a mim e ao povo do Irão".
"Este crime torna, sem dúvida, mais evidente a brutalidade e o infanticídio deste regime e mostra que não respeita qualquer princípio humano ou moral nos seus crimes contra a humanidade", acrescentou Raisi.
Nas declarações feitas à Al-Jazeera, o líder político do Hamas explicou que os filhos estavam a visitar familiares no campo de refugiados de Al-Shati, no noroeste da cidade de Gaza, quando ocorreu o ataque.
Mais tarde, o Exército israelita confirmou ter matado, num bombardeamento, três filhos de Haniyeh, que identificou como combatentes do grupo islamita.
A República Islâmica é um dos principais aliados do Hamas e lidera o chamado "Eixo da Resistência" contra Israel, ao qual também pertencem o Hezbollah libanês e os rebeldes Huthis do Iémen, entre outros.
Haniyeh visitou no final de março Teerão, onde se encontrou com Raisi e com o líder supremo do Irão, Ali Khamenei.
A autoridade máxima iraniana reiterou hoje que Israel será castigado pelo ataque ao consulado iraniano em Damasco, no qual sete membros da Guarda Revolucionária foram mortos no início deste mês.
A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que hoje entrou no 187.º dia, continuando a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, e fez até agora na Faixa de Gaza mais de 33.400 mortos, pelo menos 76.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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