Num comunicado conjunto, os 15 Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU referem que tomaram nota do anúncio de Israel de abrir a passagem de Erez e permitir a utilização do porto de Ashdod para entrega de ajuda a Gaza, mas sublinharam que "mais deveria ser feito" para levar auxílio na escala necessária ao enclave, alvo de intensos bombardeamentos israelitas desde outubro passado.
Israel anunciou na semana passada, após um aviso firme de Washington, a abertura do ponto de passagem de Erez e a utilização do porto israelita de Ashdod (sul).
Mas estas medidas ainda não foram implementadas.
O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, indicou na quarta-feira que as medidas estavam em preparação.
O órgão da ONU exigiu também que todas as partes no conflito respeitem plenamente o estatuto protegido dos trabalhadores, instalações e operações humanitárias, ao abrigo do direito internacional.
Dando especial destaque aos ataques aéreos israelitas que mataram sete membros da organização não-governamental (ONG) World Central Kitchen no início do mês, o Conselho de Segurança frisou que, desde o início desta guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, em outubro passado, pelo menos 224 trabalhadores humanitários já morreram, "mais de três vezes o número de pessoal humanitário morto em qualquer conflito registado num único ano".
Os membros do Conselho de Segurança sublinharam a necessidade de responsabilização por todos estes incidentes, assim como uma investigação "completa, transparente e abrangente" ao ataque contra a ONG, o qual o Governo israelita admitiu, mas justificou ter ocorrido "sem querer".
Reconhecendo as condições extremamente difíceis e perigosas sob as quais os trabalhadores humanitários operam em Gaza, o Conselho de Segurança exigiu às partes em conflito para que corrijam "imediatamente" qualquer deficiência nos mecanismos de notificação humanitária.
Neste comunicado conjunto, os 15 Estados-membros enfatizaram também o imperativo de todas as partes implementarem imediata e integralmente as resoluções já aprovadas pelo Conselho de Segurança sobre a guerra em Gaza.
Esta declaração surge após os Estados Unidos -- um dos membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto - ter causado polémica ao considerar como "não vinculativa" uma resolução aprovada no mês passado pelo Conselho que exigia um cessar-fogo imediato em Gaza durante o Ramadão, o mês sagrado do Islão.
Na nota hoje difundida, o Conselho voltou a exigir um cessar-fogo imediato durante o mês do Ramadão, apesar desse período sagrado dos muçulmanos já ter terminado em 09 de abril, evidenciando mais uma vez um desfasamento das posições assumidas pelo Conselho de Segurança da ONU.
[Notícia atualizada às 18h00]
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