"Se adotarem esta resolução", disse Dodik, dirigindo-se ao que chamou de "mundo ocidental nojento", então "terão feito a Bósnia-Herzegovina em pedaços. Iremos embora e iremos embora na primeira oportunidade".
O líder nacionalista e pró-russo proferiu a ameaça perante dezenas de milhares de cidadãos em Banja Luka, numa grande manifestação transmitida em direto pela televisão e organizada pelas autoridades da Republika Srpska, uma das duas entidades que, juntamente com a Federação Muçulmano-Croata, constituem a Bósnia-Herzegovina.
"A Sérvia é o nosso Estado! Belgrado é a nossa capital! A Bósnia-Herzegovina foi um erro! A Republika Srspka fará parte da Sérvia!", exclamou o bósnio-sérvio
Os manifestantes chegaram em autocarros de todo o Estado sérvio da Bósnia e Dodik afirmou que eles e todos os "sérvios" do país não querem viver com a população maioritária da Bósnia, ou seja, os muçulmanos bósnios, porque apoiam o projeto de resolução.
"Não queremos viver com alguém que nos acusa, que nos acusa de sermos um povo genocida", afirmou.
A Assembleia Geral da ONU deverá analisar, em 02 de maio, o projeto de resolução proposto pela Alemanha e pelo Ruanda, que, entre outras coisas, pede que o dia 11 de julho seja declarado "Dia Internacional da Memória do Genocídio cometido em Srebrenica em 1995".
Além disso, o projeto condena a negação do genocídio e a glorificação dos criminosos de guerra.
Dodik, que já ameaçou várias vezes a secessão do Estado sérvio da Bósnia no passado, afirmou que, se a resolução for adotada, "a República Srpska nunca cumprirá nenhuma das suas conclusões" e instou os seus concidadãos a "nunca a lerem".
Segundo Dodik, o Tribunal Internacional para os Crimes de Guerra da ex-Jugoslávia (TPIJ) "só julgou sérvios", enquanto "os 3.500 sérvios mortos em Srebrenica nunca foram documentados, ninguém foi julgado ou condenado por isso".
O parlamento sérvio da Bósnia adotou hoje um documento em que nega o genocídio de Srebrenica e estima o número de vítimas muçulmanas bósnias em "1.500-2.000, no máximo 3 mil".
O TPIJ considerou que as forças sérvias da Bósnia cometeram genocídio quando invadiram a "zona de proteção da ONU" de Srebrenica, no leste da Bósnia, em julho de 1995, e mataram mais de 8 mil civis muçulmanos, homens entre os 13 e os 77 anos.
A Sérvia e a Republika Srpska não reconhecem este veredito.
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