"Dois milhões de pessoas [em Gaza] carecem de tudo. A França confirma o desembolso da sua contribuição anual para o programa humanitário da UNRWA [na sigla em inglês], que ascende a 33 milhões de euros para 2024", declarou Christophe Lemoine, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, sem especificar a data do desembolso.
"O nosso apoio à UNRWA tem um requisito: que as medidas solicitadas pelo relatório de auditoria externa independente conduzido por Catherine Colonna, antiga ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, sejam totalmente implementadas", disse o porta-voz, em declarações à imprensa.
A França atribui "particular importância (...) aos procedimentos de verificação da neutralidade do pessoal e das instalações da UNRWA, à proibição do discurso de ódio e do antissemitismo nos manuais escolares e à reforma dos sindicatos e da gestão do pessoal", acrescentou.
O executivo liderado pelo Presidente Emmanuel Macron prometeu uma "vigilância extrema" para garantir que todas as medidas sejam implementadas, bem como que sejam observados "os princípios das Nações Unidas e humanitários de independência, neutralidade e imparcialidade".
A agência da ONU, que tem mais de 30.000 empregados ao serviço de 5,9 milhões de palestinianos na região, foi acusada por Israel de empregar "mais de 400 terroristas" na Faixa de Gaza.
Doze pessoas foram acusadas pelos israelitas de estarem diretamente envolvidas no ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que matou 1.170 pessoas, principalmente civis.
Estas alegações levaram à suspensão do financiamento por parte de países doadores, como os Estados Unidos, embora alguns tenham retomado, e à realização de uma auditoria externa, a par de uma averiguação interna.
A investigação concluiu que a UNRWA na Faixa de Gaza carece de "neutralidade" política, mas indicou que Israel foi incapaz de provar a ligação de funcionários deste organismo ao Hamas, grupo considerado terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos e por Israel.
Por outro lado, os peritos também afirmaram que a agência da ONU continua a ser "crucial para fornecer ajuda humanitária vital" na região.
Em represália pelo ataque de 07 de outubro, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 34 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
A população da Faixa de Gaza confronta-se com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Leia Também: Gaza na agenda de dirigentes árabes e europeus a partir de domingo