"Estamos dispostos a cooperar plenamente com a ONU e com as agências humanitárias competentes para facilitar a chegada de ajuda humanitária aos necessitados em todo o país", disse Hemedti ao enviado especial do secretário-geral da ONU, Ramtane Lamamra, numa conversa por telefone, segundo explicou num comunicado.
O Sudão é um país devastado por uma guerra entre o grupo rebelde RSF (na sigla em inglês) e o Exército regular, iniciada há um ano.
Durante a conversa, o líder paramilitar sublinhou o interesse em aliviar o sofrimento humanitário do povo sudanês e discutiu com o representante da ONU a evolução geral da situação no Sudão e as difíceis circunstâncias humanitárias que o país enfrenta.
De acordo com o comunicado, discutiram também "a situação no Norte do Darfur e o bombardeamento aéreo deliberado e sistemático com barris explosivos contra civis inocentes", que "atingiu até o gado".
O responsável reiterou que as RSF continuarão atuar em todas as frentes abertas contra o Exército do Sudão.
"Continuaremos a autodefesa em todas as frentes", disse a Ramtane Lamamra, a quem reiterou que as RSF estão a exercer o seu "direito legítimo de autodefesa contra a agressão" a que estão expostas "desde o primeiro dia da guerra", ainda que tenham sido os paramilitares que se rebelaram contra o Exército há um ano.
Em meados de abril, por ocasião do primeiro aniversário do conflito, Hemedti afirmou o seu compromisso em alcançar um cessar-fogo que servisse para garantir o acesso de ajuda humanitária à castigada população sudanesa.
No entanto, várias organizações, bem como a ONU, denunciaram que ambas as partes estão a utilizar a ajuda humanitária como arma de guerra, uma vez que o Exército impede a entrada de ajuda humanitária nas zonas controladas pelas RSF, e os paramilitares pilharam armazéns e privaram a população da pouca ajuda que chega.
A Amnistia Internacional (AI) denunciou no seu relatório anual, publicado na quarta-feira, que tanto os paramilitares como o Exército fizeram "ataques deliberados" contra a população civil.
A guerra do Sudão eclodiu a 15 de abril de 2023 devido a uma rebelião paramilitar contra o Exército sudanês, no meio de um processo político destinado a repor o país numa via democrática após o golpe de Estado de 2021.
Desde então, o conflito causou a morte de cerca de 15 mil pessoas e a deslocação interna e externa de mais de 8,6 milhões de pessoas, enquanto empurrou outros 18 milhões para a beira da fome, de acordo com as Nações Unidas.
Leia Também: Empresa dos Emirados fecha empréstimo com Governo do Sudão do Sul