Em causa estão autoridades locais com diferentes dimensões (distritos, distritos metropolitanos e autoridades unitárias), responsáveis por serviços como a recolha de lixo, espaços verdes, urbanização, manutenção de estradas e escolas.
Nestas eleições também vão ser escolhidos presidentes de Câmara Municipal, ou 'mayors', de cidades e regiões como Londres, Manchester, Liverpool, West Midlands, West Yorkshire ou Tees Valley, e 39 comissários de polícia e de crime em Inglaterra e País de Gales.
O professor da universidade London School of Economics (LSE) Tony Travers salienta que o Partido Conservador, no poder há 14 anos, tem uma missão difícil tendo em conta a atual impopularidade nas sondagens.
Uma média de sondagens compilada pelo site Politico coloca os Conservadores em 22% das intenções de voto, metade dos 44% do Partido Trabalhista, principal força da oposição.
Travers, especialista em administração local, estimou que perder até 500 lugares, o que equivaleria a 25% dos votos a nível nacional, é um resultado aceitável para o partido do primeiro-ministro, Rishi Sunak, mas pior será mau.
"Perder 450 lugares ou menos será considerado um êxito. É um pouco estranho perder lugares e ser um sucesso, mas é assim que será avaliado", explicou.
A razão para estas baixas expetativas está relacionada com a falta de confiança dos britânicos em Sunak, que não conseguiu reverter a insatisfação causada pelo escândalo 'partygate' durante o mandato de Boris Johnson e pela crise financeira provocada pelas medidas económicas de Liz Truss.
"Ainda está a sentir os efeitos e, independentemente, do que fizer em termos de posicionamento político, a maioria dos eleitores já decidiu que este governo não é competente para governar o país", afirmou outra académica da LSE, Sarah Hobolt.
Para os partidos da oposição, as fasquias são diferentes porque vão competir para tomar os assentos perdidos pelos 'tories'.
O Partido Trabalhista, líder isolado nas sondagens, tem como desafio ganhar mais de 400 lugares, mas será aceitável se se ficar pelos 350, calculou Travers.
Angariar menos de 300 lugares, acrescentou, poderá significar que os eleitores não estão totalmente convencidos pelo líder trabalhista, Keir Starmer.
Os analistas avisam que as eleições locais não são um barómetro fiável da opinião pública em termos nacionais, mas poderão dar pistas sobre as intenções de voto, sobretudo em termos geográficos.
Hobolt concede que "estas eleições autárquicas estão ensombradas pelas futuras legislativas, previstas para o segundo semestre de 2024, e estão a ser travadas na prática como uma campanha eleitoral para essas eleições".
Na imprensa britânica, especula-se que uma derrota pesada pode fazer os deputados conservadores tentarem forçar a queda de Rishi Sunak, ou pode levar o primeiro-ministro a convocar eleições antecipadas.
Porém, a falta de um candidato consensual torna improvável uma nova disputa interna nos 'tories'.
O prazo para a realização das eleições legislativas britânicas é 28 janeiro, mas Travers acredita que terão lugar no final de outubro ou em novembro, depois de Sunak completar dois anos no cargo.
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