Igreja Metodista Unida retira linguagem anti-gay dos seus ensinamentos

A Igreja Metodista Unida removeu, na quinta-feira, dos seus ensinamentos sociais oficiais uma declaração com 52 anos que considerava "a prática da homossexualidade" como sendo "incompatível com o ensino cristão".

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Lusa
03/05/2024 06:55 ‧ 03/05/2024 por Lusa

Mundo

Estados Unidos

Esta decisão histórica teve lugar no penúltimo dia da Conferência Geral da Igreja Metodista Unida (IMU), um encontro de 11 dias com delegados de todo o mundo, a decorrer em Charlotte, na Nova Carolina, nos EUA, que aprovou, por 523 votos contra 161, os Princípios Sociais Revistos da igreja.

Além desta decisão histórica particular, o encontro também está a permitir aprovar outras medidas para eliminar a linguagem anti-LGBTQ+ dos documentos oficiais da IMU.

Na quarta-feira, a Conferência Geral da IMU removeu a sua proibição de "homossexuais praticantes declarados" serem ordenados ou nomeados como pastores.

Os delegados também aprovaram uma nova definição de casamento, reconhecendo que o casal pode ou não envolver um homem e uma mulher.

Esta nova definição substitui a definição exclusivamente heterossexual de casamento, mas exigiu um aceso debate que expôs as tensões entre alguns delegados norte-americanos e internacionais, e só foi aprovada depois da aprovação de uma emenda.

Esta emenda inclui uma cláusula que afirma, entre parêntesis, o casamento como sendo uma aliança sagrada entre "duas pessoas de fé (homem e mulher adultos em idade de consentimento ou duas pessoas adultas em idade de consentimento) em união".

Este encontro é a primeira reunião legislativa da IMU desde 2019, altura em que delegados de vários países votaram para manter as regras tradicionais da IMU sobre o casamento, mantendo assim a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e que revelou um cisma na igreja.

Estas diferenças sobre o casamento levaram a que muitos conservadores tenham entretanto abandonado a congregação.

Mais de 7.600 congregações, na sua maioria conservadoras, nos Estados Unidos - um quarto do total norte-americano da denominação - desfiliaram-se porque a IMU deixou de aplicar as suas proibições ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à ordenação LGBTQ.

Mas a saída de muitos conservadores da IMU possibilitou que o encontro agora realizado tenha apresentado a lista de delegados mais progressista de que há memória.

Até há pouco tempo, a denominação era a terceira maior dos Estados Unidos, estando presente em quase todos os condados.

No entanto, espera-se que os seus 5,4 milhões de membros nos EUA em 2022 diminuam quando as saídas de 2023 forem contabilizadas.

A denominação também conta com 4,6 milhões de membros noutros países, principalmente em África, embora as estimativas indiquem que também no resto do mundo o número de devotos esteja a descer.

Leia Também: Gana pode perder financiamento de 3,5 mil milhões por lei "anti-gay"

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