Esta decisão histórica teve lugar no penúltimo dia da Conferência Geral da Igreja Metodista Unida (IMU), um encontro de 11 dias com delegados de todo o mundo, a decorrer em Charlotte, na Nova Carolina, nos EUA, que aprovou, por 523 votos contra 161, os Princípios Sociais Revistos da igreja.
Além desta decisão histórica particular, o encontro também está a permitir aprovar outras medidas para eliminar a linguagem anti-LGBTQ+ dos documentos oficiais da IMU.
Na quarta-feira, a Conferência Geral da IMU removeu a sua proibição de "homossexuais praticantes declarados" serem ordenados ou nomeados como pastores.
Os delegados também aprovaram uma nova definição de casamento, reconhecendo que o casal pode ou não envolver um homem e uma mulher.
Esta nova definição substitui a definição exclusivamente heterossexual de casamento, mas exigiu um aceso debate que expôs as tensões entre alguns delegados norte-americanos e internacionais, e só foi aprovada depois da aprovação de uma emenda.
Esta emenda inclui uma cláusula que afirma, entre parêntesis, o casamento como sendo uma aliança sagrada entre "duas pessoas de fé (homem e mulher adultos em idade de consentimento ou duas pessoas adultas em idade de consentimento) em união".
Este encontro é a primeira reunião legislativa da IMU desde 2019, altura em que delegados de vários países votaram para manter as regras tradicionais da IMU sobre o casamento, mantendo assim a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e que revelou um cisma na igreja.
Estas diferenças sobre o casamento levaram a que muitos conservadores tenham entretanto abandonado a congregação.
Mais de 7.600 congregações, na sua maioria conservadoras, nos Estados Unidos - um quarto do total norte-americano da denominação - desfiliaram-se porque a IMU deixou de aplicar as suas proibições ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à ordenação LGBTQ.
Mas a saída de muitos conservadores da IMU possibilitou que o encontro agora realizado tenha apresentado a lista de delegados mais progressista de que há memória.
Até há pouco tempo, a denominação era a terceira maior dos Estados Unidos, estando presente em quase todos os condados.
No entanto, espera-se que os seus 5,4 milhões de membros nos EUA em 2022 diminuam quando as saídas de 2023 forem contabilizadas.
A denominação também conta com 4,6 milhões de membros noutros países, principalmente em África, embora as estimativas indiquem que também no resto do mundo o número de devotos esteja a descer.
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