O Hamas afirmou, esta segunda-feira, que aceita a proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza mediada pelo Egito e pelo Qatar.
O grupo palestiniano emitiu hoje um comunicado informando que o seu líder, Ismail Haniyeh, já anunciou a decisão num telefonema aos governos do Qatar e do Egito.
Há vários meses que estes dois países têm mediado conversações entre Israel e o Hamas, procurando encontrar uma solução para a guerra espoletada pelo ataque do movimento islamita em território israelita, em 07 de outubro passado.
O porta-voz militar de Israel anunciou, entretanto, que todas as propostas relativas às negociações para libertar reféns estão a ser analisadas e garantiu que continuam as operações em Gaza.
Questionado, durante uma conferência de imprensa, se o facto de o Hamas ter aceitado a proposta terá impacto na ofensiva planeada em Rafah, o contra-almirante Daniel Hagari respondeu apenas que todas as respostas estão a ser analisadas da "forma mais séria".
"Paralelamente, ainda estamos a operar na Faixa de Gaza e continuaremos a fazê-lo", assegurou.
Já à Reuters, uma autoridade israelita disse que a proposta que o Hamas aceitou é uma versão "diluída" de uma proposta egípcia que incluía conclusões "de longo alcance" que Israel não podia aceitar.
"Isto parece ser um estratagema destinado a fazer parecer que Israel está do lado que recusa o acordo", disse ainda o responsável, que falou sob a condição de anonimato.
Não há ainda informação oficial sobre os detalhes da proposta, mas a Al Jazeera avança que esta incluiria três fases, cada uma com a duração de 42 dias.
A primeira fase seria constituída por uma trégua, juntamente com a retirada israelita do corredor de Netzarim, que Israel utiliza para dividir o norte e o sul de Gaza.
A segunda fase incluiria a aprovação do cessar permanente das operações militares e hostis e a retirada completa das forças israelitas de Gaza.
A proposta também inclui uma disposição que aprova o fim do bloqueio de Gaza na terceira fase.
Os meios de comunicação, que citam responsáveis do Governo israelita, afirmaram que o acordo de cessar-fogo foi feito unilateralmente pelo Egito e que não será tida em conta neste momento até que os detalhes sejam esclarecidos.
As negociações, mediadas pelo Egito e pelo Qatar, para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza estavam paralisadas, depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, se ter recusado, no domingo, a colocar um fim à guerra, uma exigência fundamental do grupo islamita.
Um responsável do Hamas defendeu que, após este anúncio de aceitação do cessar-fogo, "a bola está agora no campo de Israel".
"A bola está agora no campo de Israel", que fica com a escolha "entre aceitar o acordo de cessar-fogo ou obstruí-lo", explicou este dirigente do movimento islamita.
Em Rafah - a cidade no extremo sul do enclave de Gaza onde Israel planeia uma grande ofensiva militar - cenas de alegria e tiros para o ar seguiram-se ao anúncio do Hamas.
De acordo com relatos de jornalistas internacionais, a população está a comemorar nas ruas, com tiros para o ar e manifestações de alegria.
[Notícia atualizada às 19h32]
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