Kosovo apoia Ucrânia apesar de Kyiv não reconhecer independência

A ministra dos Negócios Estrangeiros kosovar defendeu hoje a derrota da Rússia na Ucrânia, para que o conflito não se espalhe na Europa, garantindo que o apoio é incondicional apesar de Kiev não reconhecer a independência do Kosovo.

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© Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images

Lusa
08/05/2024 23:55 ‧ 08/05/2024 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Donika Gërvalla-Schwarz, que é também vice-primeira-ministra, realçou que a sua pequena nação dos Balcãs, que declarou a sua independência da Sérvia em 2008, é constantemente lembrada das intenções agressivas quer da Sérvia, quer da sua aliada Rússia.

"A Ucrânia não reconheceu a República do Kosovo como um Estado, mas acreditamos realmente que sabemos exatamente o que a Ucrânia está a passar", realçou, numa entrevista à agência Associated Press (AP).

"E sabemos que só existe uma solução, não só para a Ucrânia, mas para a Europa. Só pode ser a Rússia a perder a guerra e a Ucrânia a vencer esta guerra. Caso contrário, a Europa deverá preparar-se para outros conflitos no nosso continente", alertou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A população do Kosovo foi alvo de crimes de guerra e outras atrocidades cometidas pelas forças de segurança da Sérvia na década de 1990, uma experiência que levou o Kosovo a procurar a independência.

"Embora o Kosovo seja um Estado pequeno com possibilidades muito modestas de ajudar, tentámos ser muito prestativos com a Ucrânia e não hesitámos em mostrar o nosso apoio incondicional e simpatia ao povo e ao Estado da Ucrânia", frisou Gërvalla-Schwarz.

A mais recente ameaça de Moscovo ao Kosovo ocorreu esta semana, depois de um canal russo do Telegram ter apelado a um ciberataque contra os 'sites' do governo do Kosovo, na sequência do anúncio de nova ajuda militar a Kyiv por parte do ministro da Defesa kosovar esta terça-feira, numa conferência em Varsóvia.

A chefe da diplomacia do Kosovo inaugurou hoje a primeira missão consular do Kosovo na Polónia, parte de um esforço para melhorar a cooperação económica e cultural entre os dois países.

A Polónia reconheceu a condição de Estado do Kosovo em 2008, mas os dois países não estabeleceram relações diplomáticas na altura. Por enquanto, a missão do Kosovo tem o estatuto de consulado geral, mas a governante revelou que espera que possa ser um passo para ter uma embaixada na Polónia.

A visita de Donika Gërvalla-Schwarz à Polónia esta semana coincidiu com uma visita à capital da Sérvia, Belgrado, do Presidente chinês Xi Jinping, que incluiu promessas de aprofundar os laços.

A ministra dos Negócios Estrangeiros kosovar considerou que a visita do líder chinês tem implicações para a Europa porque mostra que, embora a Sérvia seja um Estado candidato à União Europeia, está "cada vez mais identificada com os adversários das democracias ocidentais europeias".

As forças sérvias travaram uma guerra entre 1998 e 1999 com separatistas de etnia albanesa no que era então a província do Kosovo. Cerca de 13 mil pessoas, a maioria de etnia albanesa, morreram até que uma campanha de bombardeamentos da NATO, que durou 78 dias, expulsou as forças sérvias.

O Kosovo declarou independência em 2008, mas o governo de Belgrado não reconhece o seu vizinho como um país separado.

Leia Também: Kosovo critica condições de adesão ao Conselho da Europa

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