"Vamos cancelar o plano. Achamos que a medida não vai funcionar e que custa uma fortuna", afirmou aos jornalistas, após um discurso sobre imigração em Dover, no sul de Inglaterra, no qual acusou o Governo de desperdiçar dinheiro.
"Uma iniciativa que apenas permitirá a retirada de algumas centenas de pessoas por ano para o Ruanda, menos de 1% das pessoas que atravessam o mar em barcos anualmente, por [um custo de] 600 milhões de libras (cerca de 700 milhões de euros), não é nem um dissuasor eficaz nem uma boa forma de usar o dinheiro", defendeu.
Starmer disse que pretende redirecionar o financiamento para uma nova unidade que combine as principais agências de segurança e de fronteiras do Reino Unido, incluindo serviços secretos, e dar-lhes poderes amplos para desmantelar grupos de crime organizado responsáveis pelo tráfico de pessoas.
De acordo com o líder trabalhista, será "uma força de elite, não uma Cinderela", e o objetivo é fazer do Reino Unido um "território hostil" para estas redes que organizam as perigosas travessias do Canal da Mancha em pequenas embarcações.
O plano também inclui uma melhor cooperação com agências internacionais, nomeadamente a Europol, e o endurecimento das penas de prisão para os membros destes grupos organizados, bem como o reforço da eficácia do sistema de tratamento dos requerentes de asilo no Reino Unido.
O antigo procurador-geral da Justiça também criticou o apelo de deputados do Partido Conservador, como a antiga ministra do Interior Suella Braverman, para o Reino Unido se desvincular da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
"Penso que é um erro pensar que o problema reside nos instrumentos internacionais", vincou Starmer.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, fez da luta contra a imigração ilegal uma das suas prioridades, reforçando as medidas para desencorajar as chegadas, nomeadamente com o seu plano de deportação de imigrantes para o Ruanda.
Mais de 8.400 pessoas chegaram ao Reino Unido em pequenas embarcações desde o início do ano, segundo dados oficiais, o que representa um aumento acentuado em relação ao mesmo período do ano passado.
Numa tentativa de desencorajar os imigrantes, o Governo britânico tornou inadmissível qualquer pedido de asilo apresentado após uma chegada ilegal ao país e, em abril, viu aprovado pelo parlamento o plano controverso de deportação de imigrantes para o Ruanda.
Os primeiros aviões deverão partir em julho, meses antes das próximas eleições legislativas, previstas para o final deste ano.
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