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Moçambique. Terroristas vandalizam e saqueiam lojas em Macomia

Populares de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, relataram hoje à Lusa que o grupo terrorista que ocupou a vila sede distrital está a vandalizar e saquear lojas, distribuindo parte desses produtos à população.

Moçambique. Terroristas vandalizam e saqueiam lojas em Macomia
Notícias ao Minuto

14:33 - 11/05/24 por Lusa

Mundo Macomia

"Hoje, pelas 10h00 [09h00 em Lisboa], os terroristas começaram a vandalizar lojas na vila sede de Macomia e a distribuir arroz, óleo, sabão, e outros bens da primeira necessidade, boa parte da população beneficiada é de Mucojo", descreveu uma fonte da população local, a partir do seu esconderijo.

A população acrescentou que parte das lojas que se encontram no centro da vila, sob ataque do grupo terrorista desde as primeiras horas de sexta-feira, foram vandalizadas e os produtos levados. Enquanto distribuem os produtos alimentares saqueados, os insurgentes desencorajam a fuga da população para as matas.

"Pediram para a população não fugir porque não têm intenção de matar ninguém. Só que não acreditamos", disse a fonte.

Parte dos produtos saqueados nas lojas locais foram ainda transportados para parte incerta pelos insurgentes, usando motos da população.

"Levaram alguns produtos para as matas e estão a usar meios da população, na sua maioria motas", explicou outra fonte local.

Segundo a descrição feita à Lusa pelos populares, por volta das 12:00 locais (11:00 em Lisboa) de hoje, os insurgentes permaneciam em Macomia, ouvindo-se disparos até então por toda a vila.

"A situação não está boa, a vila está num absoluto silêncio, só se ouve o ruído de motorizadas e drones que eles mesmos estão a usar", descreveu uma fonte a partir das matas de Macomia.

"Temos acesso à vila, mas eu ainda não fui. Tem gente a ir para lá, leva comida e volta e sei que as casas estão intactas", descreveu igualmente.

O Ministério da Defesa Nacional confirmou na sexta-feira um "ataque terrorista", durante a madrugada, à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.

"O ataque durou cerca de 45 minutos e os terroristas foram prontamente repelidos pela ação coordenada das nossas forças, que obrigaram o inimigo a recuar, em direção ao interior do posto administrativo de Mucojo", lê-se num comunicado do Ministério da Defesa Nacional.

Acrescenta que o ataque aconteceu cerca das 04:45 locais (03:45 em Lisboa) e que, no "confronto", as FADM "capturaram um terrorista e feriram um dos líderes, conhecido por 'Issa', que conseguiu escapar, não havendo registo de óbitos ou feridos por parte das Forças Armadas".

"Posteriormente, o terrorista capturado veio a perder a vida por ferimentos graves", lê-se.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã de sexta-feira, este ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

"É verdade que é uma zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (...). Como estão de saída. Espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso", reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos.

Os tiroteios na sede distrital começaram durante a madrugada, com os rebeldes a aparecerem no centro da vila, vindos da estrada de Mucojo, relataram fontes locais ao início da manhã de sexta-feira, à Lusa.

Indicaram igualmente que a vila sede distrital de Macomia estava tomada por mais de uma centena de insurgentes.

A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocimboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.

A província enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

Leia Também: Inflação a 12 meses em Moçambique acelera em abril para 3,26%, revela INE

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