"A Esquerda Republicana da Catalunha manter-se-á na oposição, que é onde nos situou o eleitorado", disse Aragonès, numa conferência de imprensa em Barcelona em que assumiu a responsabilidade pela derrota do partido nas eleições catalãs de domingo (perdeu 13 deputados) e revelou que deixará a "primeira linha política".
Aragonès rejeitou a possibilidade de a ERC vir a entrar no próximo governo catalão, numa coligação com os socialistas ou com os também independentistas Juntos pela Catalunha (JxCat, de centro-direita).
"Oposição é oposição", afirmou o ainda coordenador geral da ERC, sem porém ser claro sobre a possibilidade de o partido poder viabilizar, com o voto a favor ou a abstenção dos respetivos deputados, um governo do Partido Socialista (PSC), o vencedor das eleições, ou do JxCat, o segundo mais votado.
"O PSC e o Junts [JxCat] melhoraram os seus resultados e corresponde-lhes a eles [avançar]. O PSC e o Junts é que terão de se entender e saber como gerir esta situação", afirmou.
Nas respostas aos jornalistas, Aragonès disse que a ERC, na oposição, será "força de desbloqueio", não facilitará a investidura de um presidente do PSC e não participará "em operações que precisem do acordo do PSC e do Junts".
O líder do JxCat, o independentista catalão Carles Puigdemont, confirmou hoje que vai avançar com uma candidatura a presidente do governo regional da Catalunha no parlamento e desafiou a ERC a negociar um acordo que permita um novo executivo separatista.
Puigdemont, que ficou em segundo nas eleições, disse acreditar que tem condições de reunir mais apoios no parlamento do que o candidato do Partido Socialista (PSC), Salvador Illa, que foi o mais votado.
Illa disse logo no domingo que também vai apresentar a candidatura a presidente do executivo, sem ter revelado se e com quem pretende negociar a viabilização do governo, já que venceu as eleições sem maioria absoluta.
Salvador Illa admitiu durante a campanha governar com o apoio da ERC, um partido que viabilizou todos os Governos espanhóis do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, com quem negociou indultos e a amnistia para os independentistas envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017.
O Partido Socialista elegeu 42 deputados no domingo (mais nove do que nas eleições anteriores) e são necessários 68 para a maioria absoluta.
A par da vitória do PSC, os partidos independentistas perderam a maioria absoluta que há 14 anos tinham no parlamento autonómico e com a qual, através de uma "frente separatista" que unia direita e esquerda, foram viabilizando sucessivos executivos.
O JxCat elegeu 35 deputados e a ERC caiu para o terceiro lugar, ficando com 20 lugares no parlamento catalão.
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