Washington comprometeu-se a retirar estes 17 médicos através da passagem Kerem Shalom entre o território palestiniano sitiado e Israel, referiu uma autoridade norte-americana próxima do assunto, que falou sob condição de anonimato à agência France-Presse (AFP).
"Alguns dos médicos americanos que ficaram presos em Gaza (...) chegaram em segurança com a ajuda da Embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém", garantiu hoje um porta-voz do Departamento de Estado.
"Temos estado em contacto próximo com as organizações a que pertencem estes médicos americanos", bem como com as suas famílias, acrescentou.
Fonte ligada ao processo revelou também que outros três médicos norte-americanos que faziam parte de uma missão médica voluntária optaram por ficar, apesar da incerteza sobre as possibilidades futuras de deixar Gaza.
Desde o envio, em 07 de maio, do Exército israelita para o lado palestiniano do ponto de passagem de Rafah, israelitas e egípcios culparam-se mutuamente pelo encerramento desta passagem crucial para a entrada de ajuda humanitária, cujas entregas também são em grande parte dificultadas nas travessias de Kerem Shalom e Erez, no lado israelita.
Israel intensificou os seus ataques contra Rafah durante os últimos dias, numa ação descrita pelo ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, como uma "operação precisa" contra "batalhões" do Hamas.
Na cidade encontravam-se 1,4 milhões de pessoas antes do recrudescimento da ofensiva, na maioria deslocados de outras zonas do enclave palestiniano.
Pelo menos 630 mil palestinianos abandonaram a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, nos últimos 12 dias na sequência da ofensiva militar israelita, indicou hoje a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando mais de 1.170 pessoas, na maioria civis.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também mais de 250 reféns, 125 dos quais permanecem em cativeiro e 37 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 224.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 35.300 mortos e 79.000 feridos e cerca de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
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