A sessão de votação de três horas de quinta-feira à noite do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos foi palco de gritaria e caos, onde se ouviram insultos até sobre "pestanas falsas".
Ao que noticia o The New Yok Times, os membros desta comissão liderado pelos republicanos reuniram-se depois das 20 horas numa sala de audiências do Capitólio, prontos para uma luta - alguns membros da audiência terão mesmo trazido bebidas alcoólicas para apreciar o espetáculo.
A hora tardia deveu-se ao facto de muitos republicanos terem viajado para Manhattan para mostrar o seu apoio ao antigo presidente norte-americano Donald Trump no tribunal onde está a ser julgado por acusações criminais que envolvem o pagamento de dinheiro falso a uma estrela pornográfica.
De volta a Washington, os legisladores reuniram-se pelas razões mais sérias e sombrias: para debater se deveriam acusar um funcionário do gabinete de desacato ao Congresso.
Após concordarem que se responsabilizasse o procurador-geral Merrick B. Garlan, - decisão que o líder desta comissão, o republicano James Comer, do Kentucky, orgulhosamente elogiou num apelo à angariação de fundos no início do dia - a sessão acabou numa 'luta'.
A instigar o caos esteve a deputada Marjorie Taylor Greene, a republicana de direita da Geórgia mais conhecida pela sua propensão para declarações incendiárias, que teve como alvo Jasmine Crockett, a democrata do Texas que a enfrenta frequentemente no Congresso.
Depois de uma primeira troca de palavras, a deputada Greene foi atrás da aparência da deputada Crockett, o que provocou um verdadeiro caos. "Acho que as suas pestanas falsas estão a estragar o que está a ler", afirmou Greene, gozando com a sua maquilhagem.
A observação levou a deputada Alexandria Ocasio-Cortez (AOC) de Nova Iorque a exigir que as palavras de Greene fossem "retiradas" do registo, numa repreensão oficial que significaria que Greene ficaria impedida de falar durante o resto da sessão.
Depois de muito vai-e-vem, Greene concordou que as suas palavras fossem retiradas do registo, mas recusou-se a pedir desculpa. "Não estou a pedir desculpa", insistiu.
De notar que, mesmo que aprovada a recomendação de responsabilizar o procurador-geral Garland por desacato ao Congresso, esta ainda precisa ser apresentada ao plenário da Câmara dos Representantes.
Recorde-se que apesar de ter chegado recentemente ao Congresso, Taylor Greene tem gerado controvérsia pela sua defesa de teorias de conspiração. Aliás, a congressista republicana é uma confessa apoiante do movimento pró-Trump QAnon.
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