"A UE tem um interesse direto na preservação do 'status quo' no Estreito de Taiwan. Opomo-nos a quaisquer ações unilaterais que alterem o 'status quo' através da força ou da coerção", afirmou a porta-voz do gabinete dos Negócios Estrangeiros e da Política de Segurança do bloco europeu, numa nota informativa hoje divulgada.
Lembrando que "a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são de importância estratégica para a segurança e prosperidade regional e global", a porta-voz adiantou que as atividades militares da China que começaram hoje em torno de Taiwan "aumentam as tensões" na região.
A China iniciou hoje manobras militares em redor do Estreito de Taiwan, envolvendo navios e aviões militares, com Pequim a descrever os exercícios como uma "punição severa para os atos separatistas das forças da 'independência de Taiwan' e uma advertência severa contra a interferência e provocação de forças externas".
Os exercícios militares ocorrem três dias após o discurso de tomada de posse do novo líder do território, William Lai Ching-te Lai, no qual defendeu que Pequim tem de "enfrentar a realidade da existência da República da China", o nome oficial de Taiwan.
O território de 23 milhões de habitantes funciona como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente.
Pequim considera a ilha de Taiwan como uma província chinesa, que deve ser reunificada, pela força, caso seja necessário.
As autoridades chinesas consideraram que o discurso do novo líder promoveu "falácias separatistas" e "incitou ao confronto e à hostilidade" entre os dois lados do Estreito de Taiwan.
As manobras tiveram início às 07h45 de hoje (00h45, em Lisboa) e devem prolongar-se até sexta-feira, declarou Li Xi, porta-voz do teatro de operações oriental do exército chinês, em comunicado.
Em declarações à televisão estatal chinesa CCTV, Zhang Chi, professor da Universidade de Defesa Nacional em Pequim, afirmou que as manobras visam "impor um bloqueio económico à ilha", estrangulando o porto de Kaohsiung, no sul de Taiwan, que é de importância estratégica.
Esse bloqueio permitiria cortar "as importações de energia que são vitais para Taiwan" e "bloquear o apoio que alguns aliados dos Estados Unidos estão a dar às forças 'independentistas' de Taiwan", afirmou Zhang.
A questão de Taiwan é um dos principais pontos de fricção entre a China e os Estados Unidos, que são o principal fornecedor de armas a Taipé e se comprometeram a defender a ilha em caso de conflito.
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