"Os esforços conjuntos no combate ao terrorismo em Moçambique têm produzido resultados tangíveis", disse Pascoal Ronda, citado pela Rádio Moçambique, durante a celebração do 20.º aniversário do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, em Tanzânia.
O ministro do Interior, que interveio em representação do Presidente moçambicano, agradeceu o apoio e reconheceu os esforços da União Africana, do Ruanda e da missão militar dos países da África Austral no combate à insurgência no norte de Moçambique.
"A República de Moçambique gostaria de reconhecer e agradecer os esforços empreendidos pela União Africana, conjuntamente com a SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], o Ruanda e outros parceiros de cooperação para a estabilização da situação de segurança e normalização da vida no norte da província de Cabo Delgado, decorrentes das ações terroristas", disse o governante moçambicano.
Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, combatida desde 2021 com o apoio dos militares do Ruanda e dos países da África austral, esta última em processo de retirada do terreno desde abril, a concluir até julho próximo.
Para o ministro do Interior de Moçambique, a saída dos militares da SADC da província de Cabo Delgado acresce a responsabilidade das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas no combate ao terrorismo.
"A cooperação e coordenação continuarão a ser o fator chave para o sucesso desta empreitada pois, sendo o terrorismo um fenómeno global, o seu combate requer o envolvimento de todos nesse esforço coletivo", acrescentou.
Na sexta-feira, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse que o extremismo violento representa uma "ameaça existencial" ao Estado moçambicano, referindo, entretanto, que os insurgentes já não têm nenhuma base em Cabo Delgado.
"Hoje nenhuma sede de distrito está ocupada pelos terroristas. Eles já não têm uma base fixa e vários dos seus comandantes e cabecilhas sonantes foram postos fora de combate", referiu o chefe de Estado.
O Ministério da Defesa Nacional confirmou no passado dia 10 um "ataque terrorista", durante a madrugada, à vila de Macomia, um dos maiores dos últimos meses no norte de Moçambique, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.
O ataque a Macomia provocou, de 10 a 14 de maio, quase 1.500 deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), além de relatos da população sobre saque e pilhagem de lojas.
Na quinta-feira, populares de Macomia relataram à Lusa intensos tiroteios e medo nas matas do posto administrativo de Mucojo, a 40 quilómetros da sede daquele distrito.
A situação afeta sobretudo os camponeses das zonas de produção de Nambine e Namigure, a pouco mais de 10 quilómetros de Mucojo, que desde a invasão por cerca de uma centena de insurgentes à vila sede de Macomia têm acompanhado diariamente tiroteios naquelas matas.
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