"As imagens do campo são horríveis e não apontam para qualquer mudança aparente nos métodos e meios de guerra utilizados por Israel, que já causaram tantas mortes de civis", disse Türk, em comunicado.
Para o responsável, este ataque - que, segundo as autoridades palestinianas, fez pelo menos cerca de 50 mortos -, "sublinha mais uma vez que não há literalmente nenhum lugar seguro em Gaza".
Türk disse registar o anúncio das Forças de Defesa Israelitas (FDI) de que vão averiguar o que o primeiro-ministro israelita classificou como "um incidente trágico", ressalvando: "O que é chocantemente claro é que, ao atingir uma área como esta, densamente povoada de civis, este era um resultado inteiramente previsível".
"É fundamental que tais revisões conduzam à responsabilização e à alteração de políticas e práticas", exortou o alto comissário.
O ataque israelita ocorreu horas depois de oito 'rockets' terem sido disparados contra Telavive a partir de Rafah.
O braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas declarou ter disparado "uma grande barragem de 'rockets' em resposta aos massacres sionistas contra civis".
As FDI referiram que o ataque em Rafah "atingiu um complexo do Hamas, onde operavam terroristas importantes" do grupo islamita.
Türk condenou igualmente o disparo de mísseis por parte dos grupos armados palestinianos e apelou à libertação de todos os reféns detidos no enclave desde o ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023 em território israelita.
"Os grupos armados palestinianos devem cessar os disparos de 'rockets', que são inerentemente indiscriminados, em clara violação do direito humanitário internacional. Devem também libertar incondicionalmente todos os reféns de uma só vez", afirmou, na mesma nota.
Segundo Israel, dos mais de 200 sequestrados naquele ataque do Hamas, permanecem em Gaza 133 reféns, incluindo alguns mortos.
Na nota informativa, o alto comissariado da ONU para os direitos humanos recorda que, na semana passada, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), o principal órgão jurisdicional das Nações Unidas, ordenou a Israel que suspendesse a sua ofensiva e qualquer outra ação na província de Rafah que pudesse provocar "a destruição física" do povo palestiniano em Gaza.
"Israel deve tomar medidas imediatas para proteger os civis, garantir o seu acesso à assistência humanitária essencial e libertar todas as pessoas detidas arbitrariamente", defendeu o representante.
Em 07 de outubro de 2023, um ataque sem precedentes do Hamas em território israelita causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Telavive.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, indicou hoje que o número de pessoas mortas por fogo israelita desde 07 de outubro subiu para 36.050, enquanto o número de feridos subiu para 81.026.
Além disso, o ministério recorda diariamente que mais de 10 mil corpos continuam enterrados sob os escombros, sem que as ambulâncias ou equipas de socorro possam aceder a eles.
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