Minutos após das declarações do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que deu conta que Espanha vai formalizar o reconhecimento do Estado da Palestina, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, fez uma publicação na rede social X.
No 'tweet', Israel Katz acusa Sánchez de ser "cúmplice do incitamento ao genocídio do povo judeu e dos crimes de guerra" devido à sua decisão.
A publicação é ilustrada por uma fotografia de Yahia Sinwar, o líder do Hamas em Gaza e mentor do 7 de outubro, e do líder supremo iraniano Ali Khamenei.
Os três, segundo refere, "apelam ao fim do Estado de Israel e à criação de um Estado terrorista islâmico palestiniano do rio ao mar".
"Sanchez, ao não despedir Yolanda Diaz [ministra do Trabalho e Economia Social espanhola] e ao anunciar o reconhecimento do Estado palestiniano, é cúmplice no incitamento ao genocídio do povo judeu e aos crimes de guerra", lê-se na partilha, em alusão às declarações de Yolanda Díaz, que afirmou que "a Palestina será livre 'do rio (Jordão) ao mar'".
Khamenei @khamenei_ir, Sinwar y la Vicepresidenta de España @yolanda_diaz_ - llaman a la desaparición del Estado de Israel y el establecimiento de un estado terrorista islámico palestino desde el río hasta el mar.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) May 28, 2024
Presidente @sanchezcastejon - al no despedir a @yolanda_diaz_ y… pic.twitter.com/Gq4mcRlndo
Recorde-se que o primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, fez uma declaração institucional, na manhã desta terça-feira, sobre o reconhecimento por parte do país do Estado da Palestina, passo que será formalizado no Conselho de Ministros.
"Na reunião de hoje do Conselho de Ministros, o Governo espanhol vai aprovar o reconhecimento do Estado da Palestina. A Espanha juntar-se-á assim aos mais de 140 países do mundo que já reconhecem a Palestina como um Estado. Trata-se de uma decisão histórica com um único objetivo: Ajudar os israelitas e os palestinianos a alcançar a paz", começou por dizer, na declaração transmitida a partir do Palácio da Moncloa, a sede do Governo de Espanha, citada pelo El País.
Sánchez esclareceu que não cabe a Espanha definir as fronteiras de outros Estados, pelo que o reconhecimento da Palestina que hoje fará o Conselho de Ministros tem como base as resoluções das Nações Unidas e os limites fixados em 1967, só reconhecendo alterações se forem acordadas entre as partes.
"Não é uma decisão que tomamos contra ninguém", acrescentou, garantindo que "não se trata apenas de uma questão de justiça histórica", mas também da "única solução" para alcançar a paz.
Na semana passada, os primeiros-ministros da Noruega, Jonas Gahr Store, e da Irlanda, Simon Harris, referiram também que Oslo e Dublin iriam reconhecer formalmente a Palestina esta terça-feira, dia 28 de maio.
Eslovénia e Malta ponderam dar este passo em breve e somar-se a Espanha, Irlanda e Noruega.
Mais de 140 países reconhecem já a Palestina como Estado, alguns deles, membros da União Europeia (UE), como Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia, que deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu.
A Suécia fez o mesmo em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
Noruega (que não faz parte da UE), Espanha e Irlanda vão juntar-se a estes países num momento em que Israel tem em curso, desde outubro, uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.
O conflito foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36.000 mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.
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