EUA pedem plano para "dia seguinte" em Gaza após "horrível" ataque

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, exigiu hoje a Israel um plano para o "dia seguinte" em Gaza, depois do "horrível" bombardeamento israelita a um campo de refugiados em Rafah, a sul do enclave palestiniano.

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© Hollie Adams/Bloomberg via Getty Images

Lusa
29/05/2024 18:25 ‧ 29/05/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Na ausência de um plano para o dia seguinte, não haverá dia seguinte", afirmou Blinken numa conferência de imprensa durante uma visita à Moldova.

Blinken descreveu o ataque de domingo à noite como um "incidente" - tal como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu -, reconheceu que foi "horrível" e considerou que "ninguém que tenha visto as imagens pode deixar de ser profundamente afetado por ele a nível humano".

"Fomos muito claros com Israel", disse, exigindo que Israel investigue e determine "exatamente o que aconteceu e por que aconteceu" no ataque, que causou pelo menos 46 mortos num campo de deslocados.

O chefe da diplomacia norte-americana disse desconhecer que tipo de armamento foi utilizado, mas acrescentou que também isso "deve ser o produto de uma investigação rápida".

"Não posso dizer que armas foram utilizadas e como foram utilizadas", afirmou.

Ao mesmo tempo, sublinhou que mesmo as operações mais limitadas e precisas destinadas a liquidar os terroristas podem ter "consequências terríveis, horríveis e não intencionais".

Blinken considerou "muito importante" a elaboração de um plano para "o dia seguinte", precisamente "quando Israel tiver conseguido destruir a capacidade do Hamas", movimento islamita palestiniano considerado terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.

Para o governante norte-americano, "as consequências horríveis" de uma ação militar num local onde civis e terroristas vivem tão próximos uns dos outros é o que confirma "o quão imperativo é ter um plano para o dia seguinte", incluindo a segurança dos habitantes de Gaza e a reconstrução do território.

Blinken sublinhou que é necessário chegar a esse ponto "o mais rapidamente possível", uma vez que esse plano só garantirá a derrota duradoura do Hamas.

Pelo menos 46 pessoas morreram na noite de domingo num incêndio num campo de deslocados em Tal al-Sultan, no oeste de Rafah, que o exército israelita atribuiu à explosão de munições armazenadas em instalações do Hamas próximas das que bombardeou.

"Foi um incidente devastador que não esperávamos que acontecesse. O nosso Exército lançou 17 quilos de explosivos, a quantidade mínima que os nossos aviões de combate podem lançar. As nossas munições, por si sós, não podem ter causado aquele incêndio devastador", declarou o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, que insistiu que a investigação ainda não está concluída.

O ataque israelita, cujos alvos eram alegadamente dois altos responsáveis do Hamas, foi condenado pela maior parte da comunidade internacional e classificado por Israel como "um trágico acidente", que se deu apesar de "todas as precauções tomadas para evitar danos à população civil não-envolvida e usando a quantidade mínima de explosivos".

O Governo da Faixa de Gaza anunciou que, nas últimas 48 horas, pelo menos 72 pessoas deslocadas foram mortas em bombardeamentos de Israel a acampamentos de tendas improvisadas nos bairros do oeste de Rafah, até agora considerados seguros.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando mais de 1.170 pessoas, na maioria civis.

O Hamas fez também 252 reféns, 124 dos quais permanecem em cativeiro e 37 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra fez até agora na Faixa de Gaza mais de 36.000 mortos e de 81.000 feridos e cerca de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

Leia Também: Peritos da ONU: Ataque em Rafah foi "indiscriminado e desproporcional"

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